quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Bobagens de natal

Meu primeiro natal na minha casa passou despercebido, sem qualquer sinal de festa natalina. Não foi por protesto ou esse papo de comercialização do Natal, foi simplesmente preguiça e falta de vontade. A síndica encheu a frente do prédio de luzes, meus vizinhos colocaram aqueles enfeites de porta e tapetinhos decorados na entrada, então me senti contemplada.
Gosto da noite de natal porque reunimos a parentada toda e é coisa rara reunir tanta gente. A ceia como sempre foi um exagero de comida e tivemos que fazer o segundo round no almoço para dar conta da comilança. Esse natal percebi que realmente sou uma dona de casa: todos os presentinhos que ganhei foram de utensilios domésticos. Confesso que gostei, todos são muito úteis e minha cozinha vai ficar uma graça, talvez, para o próximo ano, a use com mais frequência.
Hoje também é aniversário de meu amigo Pedro Paulo. Ele, assim como eu, é um louco por dramas. Mas também o coitado foi nascer bem no dia de Jesus Cristo, concorrência desleal. Nunca teve uma festa de aniversário e ainda são poucos os amigos que lembram de parabeniza-lo. Só isso já é para deixar qualquer criança desolada e um adulto carente. Mas ele agora é um residente de neurologia do HC, e acho que é importante porque ele está todo bobo com isso. Devia ter feito para ser cardiologista e cuidar da dor do coração partido. Mas como tantas vezes eu disse em respostas as suas lamentações: Quem disse que a vida é justa?
É Pedrinho, quem sabe ficaremos menos dramaticos no próximo ano? Mas será que não perderemos nosso charme? Caso isso aconteça, acho que ficaremos menos divertidos, porque pelo menos nossos dramas sempre nos renderam ótimas gargalhadas. Mas podemos tentar e ver no que dá.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Presságios de ano novo

Começo a sentir os primeiros sintomas do final do ano: necessidade de mudanças e expectativas para a novidade. Uma vez li em um desses textos que passam por e-mail e que a gente nunca tem certeza da autoria, que a passagem do ano era o tempo de dar uma parada, respirar fundo para relaxar, renovar as esperanças para continuar a seguir. Nesse período costumo estar tão cansada que desejo logo mudanças que tragam fôlego novo para agüentar.
Mas será que realmente conseguimos mudar? Ou apenas damos uma ajeitada no visual, mas a nossa essência permanece a mesma como edição renovada daquele livro preferido? A capa nova e aquele cheirinho de que acabou de sair da gráfica dão a impressão que ele está diferente, mas quando começamos a folheá-lo percebemos que por dentro o livro continua igualzinho a antes e conta a mesma estória.
Nesse ano passei por muitas mudanças: deixei a casa dos meus pais, passei a morar sozinha e comecei um trabalho novo. Mas acho que continuo com as mesmas reações e sentimentos, cometendo os mesmos erros, repetindo a mesma dinâmica de funcionamento apesar de contextos diferentes.
Talvez eu seja apenas um livro reeditado contando sempre a mesma história. Assim, o que preciso mudar está dentro de mim e não fora. Não é a casa nem a cidade, mas eu mesma. Meus medos, minhas inseguranças, minhas defesas e ataques, meu orgulho e minha arrogância, minha ansiedade e impulsividade.
Mas não somos presos à mesma estória como os livros, somos livres. Talvez a única coisa que verdadeiramente somos: livres.
Estamos muitas coisas. Estou assistente social, estou morando sozinha, estou filha. Mas posso deixar de estar nessas situações a qualquer momento e essa é a grande sacada de viver. Perceber que realmente podemos mudar. Podemos ser o que quisermos, mas é preciso agir e isso é o difícil e desanimador. Talvez por isso questionamos se a nossa mudança é possível.
Estive a um ponto de mudar meu movimento, de sair do circulo, achei a saída, mas não consegui ultrapassá-la. Tive a oportunidade e desperdicei. Lembrou aqueles finais dos episódios de Caverna do Dragão em que no último minuto eles não voltam ao mundo deles e ficam presos naquela dimensão. Eu fiquei presa, mas não por causa de Vingador ou Mestre dos Magos ou nenhum unicórnio chato. Eu fiquei presa por mim mesma. Não consegui avançar. Uma força me atraia a ficar, era uma dor tão forte que não suportei e desisti. Quando lembro disso me sinto altamente frustrada e com a sensação que não conseguirei nunca, que sempre permanecerei assim, como a tal síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim.... sempre Gabriela” .
Mas não posso me sentir completamente impotente e, então, começo pelo mais fácil. Portanto volto às reflexões de ano novo e à lista de planos e projetos: que tal sair de Recife?