segunda-feira, 24 de abril de 2006

Desânimo

Essa semana houve um assalto na escola municipal na qual trabalho. O assaltante é aluno da própria escola, estuda no turno da manhã. O fato causou uma repercussão nacional, saíram reportagens nos telejornais, internet, rádio e chocou a população. Os professores e diretores estão revoltados com a insegurança e cobram ações do poder público.
Até que ponto vai chegar a desiguladade nesse país? Até onde teremos que ir para despertar ações efetivas do poder público?
Sinto-me angustiada ao escrever isso, e admitir que enquanto profissional da área social estou perdida. Tenho a sensação de pecorrer um caminho que não conheço, um labirinto que por mais que eu saiba da existência de uma saída não consigo encontrá-la.
Vivo um conflito interno, não posso desacreditar no meu trabalho, nos meus ideiais e em toda a teoria na qual baseio minha atuação profissional. Mas como escapar do desânimo diante de fatos como esse? Trato com a banalização da violência, do tráfico de drogas, da pobreza todos os dias na fala dos meus alunos, na realidade deles. Como não desanimar e motivar jovens que não têm expectativas, planos para o futuro, incapazes de sonhar? Culpa deles? Claro que não!
Como pedir para que esses jovens sonhem uma vez que eles representam o retrato da exclusão e pobreza ocasionada por esse sistema cruel e desigual?Esses jovens estão a margem da sociedade, excluídos, carentes de oportunidades.
Difícil não me frustrar ao ter que na minha prática executar projetos sociais focalistas, sem continuidade e seriedade. Sinto-me como instrumento de planos eleitoreiros e indiretamente contribuir para que se perpetue essa situação.
Nossos representantes políticos ainda cultivam o resto do coronelismo, e parecem mais preocupados em uma briga de vaidade do que pelo bem do nosso país. Vivenciamos toda semana mais uma batalha entre tucanos e petistas.
Estamos cada vez mais individualistas, competitivos, auto-suficiente, egocêntricos, preocupados demais com o nosso próprio bem-estar.
Entramos no caminho da alienação. É preciso parar, encontrar um mapa ou uma bússola, sei lá, qualquer instrumento que nos mostre outro caminho, uma saída.

sábado, 8 de abril de 2006

Vazio Sentimental

Uma amiga do trabalho na faixa dos 40 anos perguntou minha opinião sobre o ficar. De imediato disse que gostava dessa liberdade de estar sempre conhecendo pessoas novas, fiz todo um discurso a favor e aí ela perguntou se eu não sentia uma vazio, pois no final das contas essas pessoas passavam por mim. Não respondi.
Sempre tive relacionamentos efêmeros o que por um lado acho ótimo. Diferente de minhas amigas que sempre tiveram namoros longos, pude dedicar mais tempo para mim, me conhecer melhor, independente, tive liberdade de fazer o que sempre quis sem precisar me preocupar em dar satisfações, terminei criando uma auto suficiência, e gosto da minha vida de solteira, nunca achei que estar solteira significava estar sozinha.
Mas agora acho que cansei. Não da minha solteirice ou da falta de alguém. Mas cansei de estar com os errados, problemáticos, complicados, indecisos, momentos errados, sapos, ou seja lá quantos tipos existem.
Acho que caí no tal vazio.

Indiferença


Não existe coisa pior que a indiferença de quem a gente ama. Enquanto há brigas, discussões significa que aquela pessoa representa algo para você, afinal ninguém briga por nada. Tenha raiva de mim, brigue comigo, mas não me ignore. Raiva passa. Mas a indiferença... É você perder o significado na vida do outro, é não ter mais importância, de repente você vira uma página em branco.
E fazer o que com o sentimento guardado? Aquela dorzinha no peito que não passa. Você fica esperando um olhar, um sorriso, mas nada acontece. Você perdeu o carinho, a atenção, o brilho nos olhos. Há como recuperar? Só o tempo.