sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Uma declaração

Você me deixa completamente entregue ao me olhar, acho lindo seu sorriso e mais ainda quando rir para mim. Saiba que é um charme você cozinhando, e apesar de não apreciar tanto seus temperos apimentados adquiri o hábito de jantar. Adoro sua ansiedade e empolgação em dizer algo que para mim é uma total novidade e confesso que perco a paciência com seus inúmeros detalhes em uma conversa, mas sinto um prazer enorme ao ouvi-lo e nem percebo o tempo passar. Gosto até mesmo de como você me dá um fora ou sempre diz a coisa certa pra me deixar sem argumentos quando implico e brigo com você. E acho linda a sua cara me olhando quando isso acontece. Tão companheiro, carinhoso e atencioso que faz com que eu me ache a mulher mais linda do mundo, me faz querer ter filhos, casar e envelhecer tranquila. Você me apresentou o amor e obrigada por tudo que me faz sentir.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

quanto vale a estabilidade?

Quanto vale a minha estabilidade de funcionária pública? Em um país onde as oportunidades são poucas e o medo do desemprego bate a porta a todo instante, conseguir um cargo público virou a arca do tesouro. Ser funcionário público e ter estabilidade virou sonho de brasileiros e sucesso garantido.
Então eu me pergunto se vale a pena.
Vale a pena trabalhar sem plano de cargos e carreiras e correr o risco de passar os próximos 30 anos na mesma função?
Vale a pena não ter reconhecimento pelo trabalho que se faz ?
Vale a pena conviver com os vícios da politicagem brasileira?
Vale a pena ver pessoas defendendo gestões de partidos políticos quando deveriam defender os direitos dos cidadãos?
Vale a pena?
Quero saber para onde foram parar minhas alegrias e ideologias por ter sido aprovada em um concurso público e a vontade de querer mudar.
Infelizmente me entrego pois não acredito mais que há como mudar esse sistema doente e que adoece todos a sua volta.
Essa semana argumentamos sobre práticas que iam contra ao código de ética profissional do Assistente Social e a pessoa em cargo de liderança me disse em resposta ao movimento da categoria: "Bem ou mal você tem seu dinheiro garantido no fim do mês...."
A estabilidade vale o preço de fechar os olhos e fingir que nada acontece.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Não é a toa que amo Cazuza, primeiro porque fomos duas crianças mimadas e egoístas e segundo porque em uma mesma música ele consegue dizer: que prazer mais egoísta o de cuidar de um outro ser e que a dor no fundo esconde uma pontinha de prazer.

Prazer camuflado

Eu não quero que o tempo passe e leve consigo o que está em mim para que eu me transforme. Queria que todo o resto permanecesse. Queria conservar tudo o que sinto e esse momento sempre vivo porque só em imaginar que deixarei de te sentir em mim, me dói mais do que não ter tua presença ao meu lado .
O que eu sinto pertence só a mim, meu prazer solitário. E disso não quero abrir mão. Conservar esse sentimento me tranquiliza porque assim posso ter o controle. Que coisa horrível! Eu sou horrível. Não vê? E se eu deixar de ser assim, também deixarei que você vá embora de mim.
Quero ser livre mas não quero que os outros também sejam. Egoísta e controladora. Será que isso tem cura?



domingo, 5 de julho de 2009

Ausente

O silêncio é agora fuga. Demonstração de fraqueza. Egoísmo na escolha pelo caminho mais fácil. Causa do sofrimento alheio.
O que isso importa?
...
O que isso importa?
...
O que isso importa?
Nada.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Por que você chegou na hora certa? E, pior, fez questão de ficar nessa estação para embarcarmos juntos? Ainda comprou o lugar ao meu lado.
Tem certeza disso?
Não sei viajar acompanhada, Não um viagem inteira. Sempre viajo sozinha, vez ou outra senta alguém do lado, conversa um pouco e depois vai embora.
Gosto mesmo de conversar com minha imaginação.
Ai, eu viajava tão tranquila. Agora não sei o que fazer com sua companhia.
Vá embora!!
Não! Fique.
Mas fico na janela olhando a paisagem.
Como a menina que ganhou a boneca e nunca a tirou da embalagem.
A vontade de brincar era grande mas o medo de quebrar ou até mesmo de perdê-la foi maior.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aos 27 anos

Meu aniversário está perto. No próximo dia 22, essa canceriana aqui completa 27 anos. Em maio foi aniversário de uma grande amiga que também chegou a essa idade. Resolvi pegar um trecho de um longo e-mail que a escrevi porque acho que escrevi para mim também.


[ ... ] Entao é isso, você chegou aos 27 anos. Nos conhecemos aos 16 e assim são 11 anos. O que dizer de alguem que passou pelos tormentos da adolescencia, a incostância do inicio da fase adulta e agora chega à angústia mas também ao deleite da fase pré-balzaquiana?
Ao primeiro olhar, percebemos que a ingenuidade acabou, mas aí se olharmos mais de perto vemos que ainda há o sonho que chegará um amor para acalmar o coração, e esse será tão belo aos seus olhos que arrancará sorrisos não só de alegria mas de leveza. A insegurança presente vem também da insatisfação que como uma mola impulsiona para mudar, para caminhar. E aí mudou-se de lugar, assumiu mais responsabilidade, conquistou a tal desejada independência. E esta nao é o mesmo que autosuficiência e sentir ausência de um afeto e de uma mão para apertar é necessidade humana. Está na nossa condição de simples homo sapiens, que sua racionalidade termina ou melhor se acanha e se encolhe no limite do território da emoção. Esta com uma grande empáfia nos domina e diz: "aqui quem manda sou eu!" E nós incapazes de reagirmos apenas obedecemos. Não tão incapazes assim, porque as vezes brigamos, brigamos e temos algumas vitórias, mas não são batalhas simples e as vezes são tão desgastantes que achamos melhor nem começar a luta.
Ah, mas somos tão insatisfeitas. Mal conquistamos o que tanto queríamos e já desejamos algo mais. Ou então, queremos tudo, e como adolescentes ainda não aprendemos que escolher é renunciar a algo. Isso não é só coisa de adolescente, mas de criança também.
Então é isso amiga, o tempo passa? Passa. É fato. Mas não é só transitoriedade, é permanência também.

Termino por aqui,
Um Feliz Aniversário da amiga que a ama,
Raquel

terça-feira, 9 de junho de 2009

Um momento para o branco

É tempo para o branco!
Branco é tudo misturado, todas as cores juntas. Então, estou repleta.
Uma vez brinquei: Eu sou light! , era só pra provocar. Agora sinto-me leve de verdade, num português bem claro! Eita que tirada boba!
Estou uma coisa meio assim: jogada, despreocupada, cabelo assanhado, tarde de vagabundagem, coração calmo e alma preguiçosa.
Uma amiga está sentindo falta de textos mais densos aqui.
Acho que por um momento me encontrei. Agora só me atraso, me perco no caminho e pego a curva errada quando quero.
Será o fim do drama?
Pode ser....
O branco de luto pelo drama e em festa pela simplicidade, pela leveza, simplesmente pela verdade como as coisas são.
Mas e o brega?
Esse só morre quando aqui deixar de existir.

sábado, 6 de junho de 2009

Saudade

É mais que sentir falta. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança.
Provém do latim "solitáte", solidão.

Foi assim:

Ele foi o primeiro rosto que ela viu.
Ela o fez rir.
Ele sorriu e,
Ela continuou a olhá-lo.
Ele não parou de sorrir.
Ela se encantou e
Ele se surpreendeu
Ela o beijou e
Ele a abraçou.
Ela deitou em seus braços e dormiu.
Ele a deixou.
Ela ficou em paz.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Carta Aberta à Sociedade

Os servidores e as servidoras da Secretaria de Assistência Social (SAS) e do Instituto de Assistência Social e Cidadania (IASC) informam à população que estão em GREVE desde o dia 20 de maio de 2009.

Qual é a importância dos Serviços de Assistência Social?

A Assistência Social é de extrema importância no desenvolvimento de ações para o enfrentamento da pobreza e desigualdade social e para a garantia dos direitos sociais. Dessa forma, seus serviços são fundamentais para a cidade do Recife, a qual apresenta elevados índices de violência, de abandono de idosos, abuso sexual de crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua, desemprego e tantos outros aspectos da miserabilidade e desigualdade social.

Algumas ações realizadas pela Política de Assistência Social:

  • Acompanhamento às Famílias em Vulnerabilidade Social e em Violação de Direitos
  • Inserção nos Programas: Bolsa Família, PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), PROJOVEM Adolescente e outros.
  • Abrigamento de crianças, adolescentes, adultos e idosos que estão em extrema vulnerabilidade visando à reinserção familiar e/ou comunitária;
  • Atendimento direto à população em situação de rua e realização de devidos encaminhamentos.
Por que estamos em greve?

Por causa das péssimas condições de trabalho, a precária implementação dos serviços de Assistência Social e a falta de respostas satisfatórias da gestão.

Assim tentamos mudar a seguinte realidade:
  • Número de profissionais insuficientes para o desenvolvimento das ações no município;
  • Salários baixos e defasados: o vencimento líquido varia de R$ 420,00 (menor que 1 salário mínimo) à R$ 960,00;
  • Desrespeito aos Direitos Trabalhistas como o não recebimento do adicional de insalubridade e do auxílio creche.
  • Instalações dos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) precárias e péssimas condições dos Abrigos;
  • Falta de Cestas Básicas para portadores de doenças infecto-contagiosas como HIV, Hepatite e Tuberculose;
  • Núcleos do PETI (Programa de Erradicação ao Trabalho Infantil) e PROJOVEM Adolescente estão fechados o que deixa crianças e adolescentes em maior risco social.
Diante disso convocamos a sociedade para se engajar na luta pela garantia da qualidade dos serviços públicos, o respeito aos direitos sociais e à cidadania e para o fortalecimento da Política de Assistência Social no Recife!

domingo, 31 de maio de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pra viagem

Ei, psiu!
Me carregue!
Mas não me deixe cansar de esperar que nem Gil.
Como uma banda de maçã (pode ser morango?) e danço reggae.
Leve.
Leve a vida.
Me leve.
Tô jogada no mundo, como os baianos cantam para mim.
Andando por todos os cantos. E pela lei natural dos (des)encontros,
Eu deixo e recebo um tanto.
É o mistério do Planeta?
Do planeta Ego.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Segundo os astros

Por influência de uma amiga estou com a mania de todos os dias olhar minha sorte astrológica no site www.quiroga.net Pode ser que seja tudo coincidência mas sempre acerta em cheio. Não me preocupo se é verdadeira ou não a influência dos astros em nossas vidas, prefiro mesmo é me divertir lendo o que eles me dizem. Essa semana teve uma bem interessante:

"Sua alma se encontra no caminho de certas conquistas.
Por isso, o mais importante, agora, é dominar a ansiedade,
porque esta faz com que as atitudes gentis para com as pessoas
diminuam de ritmo e intensidade, o que é uma pena. "

Para alguém horrivelmente ansiosa cai como uma luva.
Pode ser coincidência, mas para meu momento atual é a verdade.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Final Feliz

Ofereceste teu colo, não me permiti deitar. Não consegui. Tentei mas não fui capaz. Até arrasada me seguro. As lágrimas saem a conta gotas. Uma por uma. Choro pela tua amizade que agora dispenso. Choro por não sentir o que digo que sinto. Mas a verdade, a verdade mesmo é que desconheço a origem de qualquer sentimento . Não sei nem se é você ou um personagem de meu teatro. Ah, mas você está perfeito. Foi um dos melhores interpretes. Você me surpreende. Acredite. Sai do script a todo instante. Não sei o que pensar. Parecemos Sofia e seu professor tentando escapar do livro. A todo instante uma mudança, um novo rumo na estória. Não sei mais de nada, me perco nessa oscilação. Apertemos o pause. Paramos agora, nesse instante em que você declara seu amor. Acabo com o happy end e o amor venceu. Ah, não posso esquecer que seremos felizes para sempre.

terça-feira, 24 de março de 2009

Desabafo

Certa vez li em uma reportagem sobre profissões estressantes que a minha está no topo da mais causadora de stress, juntamente com enfermagem e lincenciaturas. Não sei qual foi a base científica dessa pesquisa mas concordo totalmente com ela. No meu cotidiano me deparo com situações de extrema pobreza, de alta vulnerabilidade e de pessoas fragilizadas.
Muitas vezes no atendimento seguro o choro para não cair em lágrimas na frente do usuário. Me perco no sofrimento deles pois me sinto impotente. Por mais encaminhamentos que eu faça sei que as políticas não vão atender de forma completa, sei que no posto de saúde falta medicamentos, sei que a quantidade de cesta básica para portadores de HIV é insuficiente e que não há vaga em programa que acolha um jovem de 21 anos em situação de rua, que já passou pelo tráfico e agora só deseja aprender a ler e escrever.
Vejo o retrato puro da pobreza todos os dias. Vejo crianças de 7 anos agressivas e idealizando traficantes como super-heróis. Vejo mães chorando a perda de seus filhos assassinados. Vejo pessoas paralisadas em sua situação de pobreza, adolescentes sem planos nem projetos para o futuro e estão incapazes de se imaginarem nos próximos dois anos. Ao mesmo tempo vejo o descompromisso de nossos represantes jogando nossas ideologias e esperanças no fundo do poço. Me vejo sem saída. Procuro me fortalecer nos resultados imediatos de um encaminhamento, ou na alegria de um usuário que foi contemplado no Bolsa Família, ou em uma reunião socioeducativa em que o sorriso no rosto de uma participante expressa sua satisfação por ser escutada. Pequenos resultados que dão um pouco de gás. Mas o fato é que estou sem força até para assistir a um filme e esperar o final feliz como em Quem quer ser milionário? Passei o filme esperando que aquele menino morresse ou nao ganhasse. Não consigo olhar um fato e analisa-lo isolado e apenas acreditar nele e ficar feliz por isso. Esbarro logo em seguida no mas... O mas que traz a critica e o pessimismo .

quarta-feira, 11 de março de 2009

O desencontro de José

Poderia chamar de mais um desencontro, mas não me pertence. Em outras situações refleti sobre meus atos, até lamentei das trapaças que levei e que deixavam-me desencontrada no tempo. Mas, hoje sinto que fui de uma pontualidade inevitavel e, dessa vez , o desencontro não é meu. Sou mera coadjuvante.
Tentei de todas as maneiras : fiz sinal de fumaça, bati os tambores, joguei sinalizadores no céu, mas nada funcionou. Ainda assim você foi na direção contrária.
Lamento a impossibilidade de decidir. Se eu pudesse teria acertado nossos relógios para que marcassem a mesma hora. Ah, meu querido, eu cheguei na hora certa. Pena que o seu relógio atrasou. E agora caminharemos cada um para um lado. Não percebeu que de mãos dadas podemos nos sentir mais seguros? E que com alguém ao nosso lado a viagem torna-se mais divertida? Perdemos nosso trem. Acho que vou na frente, pode ser que eu chegue primeiro mas não tenho certeza de quantas paradas ele irá fazer. Talvez o seu só partirá depois do meu, mas para compensar pode ser um expresso. De qualquer jeito acho dificil nos encontrarmos na estação, mas tenho certeza que chegaremos, separados é verdade, mas chegaremos. Lá seremos recebidos pela alegria de quem estava a nossa espera.
Seremos imensamente felizes, não duvido disso.

terça-feira, 10 de março de 2009

Não há mal pior do que a descrença.

Parece que ainda há aqueles que acreditam que viver sem expectativas é o caminho mais curto e rápido para se evitar a frustração. Não cria expectativa, não se frustra. Soa até como uma lógica simples. Na prática, imagino como deve ser tão simples enviar um currículo para seleção daquela oportunidade de emprego maravilhosa e não esperar que liguem marcando a entrevista, simples também sair para jantar com aquela mulher linda e não esperar levá-la para cama. Mais simples ainda é a mãe matricular seu filho nas melhores escolas e não esperar que ele entre na universidade, e, principalmente, tão simples como amar alguém e não esperar reciprocidade nesse amor.
Ao procurar no dicionário encontrei o seguinte conceito: expectativa é o aguardo de algo que vai acontecer, esperança. Posso concluir que não criar expectativa é não ter esperança. Não ter esperança é viver sem acreditar, viver sem fé.
Uma samambaia vive sem esperança, assim como uma abelha que faz a mesma cera e o mesmo mel. Mas não me parece invejável essa tranqüilidade. Prefiro a ansiedade do coração batendo e as mãos frias na expectativa daquele telefonema e o convite para jantar. Prefiro mais ainda a alegria que só os sonhos podem proporcionar e que nos fazem desejar imensamente que eles se tornem realidade. Quero a serenidade que a fé proporciona ao nos fazer acreditar que um amanhã mais tranqüilo virá. Também quero a motivação para trabalhar que apenas a expectativa por uma nova sociedade mais justa proporciona. Também prefiro a força que resulta depois da dor e tristeza de uma frustração.
Prefiro minha vida bem humana, demasiadamente humana, com suas doçuras e amarguras. E nesse ponto o poeta estava certíssimo quando dizia que a vida só se dá pra quem se deu.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uma notinha

Foi a época do Rei Momo, mas quem apareceu foi Papai Noel. Me deu dois presentes de uma vez só. Presentes que alimentam minha alma: um livro e um romance.

O curioso caso do choro no cinema

Adoro filmes que me fazem chorar. Confesso isso porque tenho o grande defeito de prender o choro em muitas situações em que ele ameaça vir. Por isso quando assisto a algum filme que desperta as lágrimas, aproveito e libero tudo que estava preso e me sufocava. A sensação é de liberdade brindada com água e sal.
Ontem assisti ao O Curioso caso de Benjamim Button. É um bom filme apesar de longo, com boas atuações e cheio de frases de efeitos. Havia algumas bem batidas, do grupo daquelas que encontramos nas apresentações de slides que psicólogos adoram para as famosas dinâmicas de grupo. A que mais gostei no filme foi “não sabemos o que nos espera”. Coisa bem óbvia é verdade, principalmente para quem não tem nenhum poder paranormal ou uma bola de cristal em casa. Acho que ela é bem sintética, e, para mim, diz bem o que significa viver: lidar com o inesperado. Não tenho muita certeza se foi essa frase específica ou a questão da passagem do tempo que o filme explora, mas o fato é que bateu em mim e chorei. Me derramei em lágrimas. Aproveitei para desabafar. Como não sei pelo o que eu chorei, prefiro pensar que foi simplesmente pelo filme. É mais prático e confortável. Nem tudo precisamos saber o que realmente significa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Analisada e de alta

Estou de alta da terapia. Depois de quase dois anos, achamos que é o momento de parar e caminhar só. Se antes meus questioamentos me traziam mais angústias, hoje me impulsionam ao equilíbrio, pois me permitem conhecer meus sentimentos e minhas necessidades.
Uma frase que minha psicóloga costumava repetir com sua voz rouca e enfática : " o ser humano sempre tem uma demanda grande e essa demanda é de amor".
E em busca de suprir minha demanda descobri que o amor é feito de simplicidade, sem extravagâncias nem esxageros. Hoje o vejo nas coisas mais banais do cotidiano: nos almoços de domingo lá na casa do Janga, em uma partida de WAR com os amigos, em uma preocupaçao por causa de atraso, em uma festa surpresa de aniversário e naquele abraço apertado de um encontro casual.
Ele também vem acompanhado de tranquilidade, seja na alegria, na festa ou em choro e na perda. Não sei explicá-la, mas é uma leveza no peito e uma serenidade na mente, ou é no espírito. Talvez eles sejam a mesma coisa, mente e espírito.
Essa tranquilidade é estranha. Em território onde a ansiedade tem imenso domínio, a serenidade chega aos poucos, de mansinho e consegue assustar. Deixo claro que o susto não é de medo, é de surpresa. É como um desconhecido que nos encanta.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Desencontro Rítmico

Ouvi os primeiros acordes e achei que era um samba. Ah um samba bem poético e cheio de emoções como o de Cartola e que no seu refrão daríamos show de dança para qualquer casal de gafieira se intimidar.
Mas trocamos o ritmo e errramos o passo. Quando percebemos você dançava valsa e eu um forró bem acelerado, longe de parecer um xote.
Nosso erro foi que não prestamos atençao na música que tocava. Era uma bossa. E bossa não tinha como dançarmos juntos.
Paramos a dança. Sentamos cada um em uma mesa, tomamos um uísque e deixamos a música continuar.
Ouviremos apenas coisas que só o coração pode entender.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cor de Rosa

Não fui criada em um mundo cor de rosa. Até pouco tempo detestava essa cor, achava muito enjoada. Barbie também nunca foi minha boneca preferida, ou melhor, nunca gostei de brincar de boneca, achava muito sem graça. Gostava de ação. Mas também adorava uma fantasia. Lia e relia todos os contos de fada. E hoje por mais que eu negue, tenho a tal síndrome cinderela em busca do seu príncipe. Admito que meus contos de fada hoje estão mais para os epísódios de Sex and the City, e estou longe de ser uma princesa frágil que precise ser salva, mas príncipe é sempre príncipe.
Além disso, por falta de sorte astrológica sou canceriana, e se for realmente verdade essa tal astrologia, nasci para o drama, o sentimentalismo e o romantismo. Era o destino!!! Não há coisa mais piegas e brega do que Maria dos Desencontros.
Não há cor que represente melhor. Aqui é o meu mundo cor de rosa.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Em Timba......úba!!!


Estou em Timbaúba para o Reveillon. Vim brindar ao novo em um lugar carregado de lembranças do que passou. Posso afirmar que todo o charme do Reveillon timbaubense acabou, não apagam mais as luzes da cidade a meia noite. Acho isso muito chato e sem graça, queima de fogos tem em todo lugar, mas o apagar de luzes... Isso só acontece agora em cidades muito pequenas, foi o que Tia Hilda me respondeu. E desde quando Timbaúba deixou de ser pequena?
Na minha adolescência costumava passar as férias de Janeiro aqui na casa de meu Tio Lenildo. Era sempre uma farra, nos dividíamos entre ficar na cidade e ir para Pontas de Pedras, lá em Goiana.
A casa dele era sempre cheia. Ele tem quatro filhos, meus primos da família do Z: Zena, Zilanda, Zenaldo e Ziraldo. Isso só começou porque a filha mais velha foi em homenagem a nossa Vó Zena, bom aí ele se empolgou e quis fazer tudo bonitinho e lá foram todos com a letra Z. Além disso, a porta era sempre aberta para todos entrarem sem bater e fazíamos a maior bagunça. Isso para mim era pura novidade, já que lá em casa não tinha essa de vizinhança entrar sem convite, Dona Lau sempre foi muito chata nisso.
Contava os dias para ir a Timabuba, achava a viagem bem longa e dormia o caminho todo, mas quando sentia o cheiro forte da cana-de-açúcar da usina, me animava toda e me enchia de ansiedade, dava um frio na barriga, a mão suava e o coração logo acelerava.
Em cidade do interior quando chega alguém de fora é celebridade, todo mundo quer conhecer e saber da vida. Então não demorou muito para que eu ficasse conhecida, era a prima de Zilanda de Recife.
Havia toda uma liberdade, não tínhamos hora para nada e ficávamos até madrugada jogando conversa fora na calçada. À tarde íamos tomar caldo de cana e comer coxinha. Gostava mesmo era quando iamos para o Engenho fazer farra. Foi nessas farras que tomei meu primeiro gole de cachaça, e ainda era acompanhada de mel de engenho, só mais tarde em Goiana, acrescentei o limão e era a famosa copada.
Aqui também vivi parte do meu primeiro amor, minhas primeiras fantasias e minha primeira grande dor de cotovelo também, tudo sempre compartilhado nos mínimos detalhes com a prima Zi.
Agora a cidade está diferente, muito barulho e movimento. Andei no centro a procura de uma loja de redes e das lanchonetes que costumava frequentar, não as encontrei mas vi a Insinuante, Hermol e outra aí de móveis e eletro que não lembro o nome. Antes só tinha um sinal de trânsito, agora são três cruzamentos e todos com seus respectivos semáforos. Também não vi os senhores jogando Dama na praça mas encontrei uma Lan house, Ubanet.
Da minha turma, poucos permanecem aqui, a maioria casou e saiu da cidade. Igual mesmo só permanece a casa do meu tio que continua ainda com a mesma alegria e, quando estamos todos juntos, rimos bastante e repetimos as mesmas brincadeiras e palhaçadas.

Ao novo que chega... ou que vai. E ao velho que permanece.


No período em que se aproxima a novidade sinto uma saudade maior de mim. Saudade do que vivi e senti que de tão intenso, e para minha frustração, parece que foi único. Final de dezembro é assim: melancólico. Afasta o que senti, o que conquistei, as oportunidades não aproveitadas. Parece que deixam de me pertencerem. Mas aí para trapacear, vem uma música, um pôr do sol, um mar e um luar, e aos pouquinhos, bem aos pouquinhos para não assustar, elas vão reaparecendo. Pequenas lembranças: cheiros, toques, risos e olhares. Cada momento semelhante, cada possibilidade por mínima que seja de viver, de reviver, eu me apego, agarro forte sem vontade de largar. Mas aí não é. É engano. É desencontro para ficar mais bonito e menos desesperador.