segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Tempo Banal




Vaga
Devagar
Para divagar
A vida.

Liberta a alma
Das amarras
Impostas pelo
Ritmo das horas.

Não há pressa
Em apressar
O ritmo marcado
Pelo toque
Do seu pulso.



segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Transfigurar-se

O escuro conselheiro ilumina a alma
Que tem a cor da rosa mais viva sem perfume.
Espinhos fazem o vermelho líquido escorrer,
A água salgada regar a pele.
Não seca porque é vida.
Não se extingue porque é mutável.

Registros

Desde criança tenho o hábito de escrever diários. Sempre em meus aniversários ganhava de presente um novinho em folha e aposentava o da idade que se passava. Nesses meus caderninhos de páginas coloridas e enfeitadas eu ia depositando a alegria em ter ganho um presente que tanto desejava, a raiva de minha mãe que me deixou de castigo e as inumeras brigas com as amigas do colégio. Depois percebi que eram meus desabafos, era o espaço que eu tinha para externar o que me pertubava, o que me aparecia de novo e o que me alegrava. Escrever alivia a alma. Esses meus diários pesam toneladas de emoçoes, de lágrimas e risos. Hoje eles são um mapa que me levam a entender quem sou.
Relendo-os percebo que os medos daquela menina ainda estão aqui, só que com novas representações. É preciso acender as luzes do quarto e destruir os monstros de seus pesadelos para que a menina adormeça e caia em seu sono profundo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Cansei?????


A elite paulistana está organizando um movimento para ir as ruas protestar contra o governo. Alguém um dia imaginou isso no nosso país? Eu, nunca. O Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, Cansei, organizado pela OAB e tem como garotas propagandas Ana Maria Braga, Hebe Camargo, Regina Duarte e a baiana Ivete Sangalo vai realizar essa façanha. O movimento planeja uma paralisação para o dia 17 de agosto, em São Paulo e em Porto Alegre, em protesto ao acidente da TAM, a crise aérea e as corrupções do governo.

É no mínimo tudo muito engraçado. Acho que essas senhoras devem ter esticado tanto a cutis em plásticas e botox que realmente devem estar usando o velho óleo de peroba. Me pergunto do que elas e a classe representada por elas estão cansadas? A Hebe Camargo nunca cansou dos jantares e festas da sua alta sociedade paulistana na companhia do seu querido amigo Paulo Maluf, aquele procurado pela interpol em não sei quantos países. Ana Maria Braga deve estar muito cansada de suas compras na Daslu e de pescar no seu big big iate e ir a sua fazenda de jatinho. Ela deve sentir muito os problemas da crise aérea. Já a Regina Duarte, releva-se. Ela sofre de um sofrimento psiquico de fobia, a lulafobia. Ela já declarou publicamente o seu medo a Lula. Agora a baiana.... Realmente ela deve está cansada de cantar nas micaretas e no carnaval excludente da Bahia. Essas mulheres estão bastante cansadas. Nem se compara com as vidas de milhares de brasileiras de dupla e tripla jornada de trabalho. Mulheres que acordam as cinco da manhã, levam seus filhos a escola, pegam ônibus, vão ao trabalho para sustentarem seus lares e quando chegam em casa ainda cuidam dos afazeres domésticos. Essas brasileiras podem dizer CANSEI!!! Cansei dessa desigualdade absurda do país em que vivemos.

Tudo bem, estamos em um país democrático e todos têm o direito de protestar e de expor suas idéias. Mas prefiro ainda as idéias expostas por Marilena Chaui sobre a crise aérea e a manipulação da mídia no acidente da TAM.

Leiam:

Para os que se interessaram pelo movimento cansei: http://www.cansei.com.br/

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Papel e lápis, por favor.

Como Cazuza um dia disse: "o nosso amor a gente inventa". Então vamos inventá-lo agora. Pegue o bloquinho de papel, a caneta e deixe a criatividade mandar.
Por que temos que sentir o amor inventado pelos outros? Então alguém inventou que o amor é algo mágico, que nos eleva, nos faz delirar, difícil de sentir, não é apenas gostar, é algo bem maior, mais forte. Ah! E foi criado para ser eterno, não se acaba nunca. Se acabou, não era amor.
Um dia um amigo disse que não acreditava no amor porque não encontrava uma definição para ele. Quando descreviam o amor era sempre um conjunto de outros sentimentos. Tipo uma receita: Mistura no liquidificador amizade, respeito, carinho, muito afeto, tesão e aí deixa bater até ficar uma massa homogênea.
Pelo que já li, há uma fronteira a ser atravessada entre o gostar e o amar. Você começa no gostar, aí anda, anda, anda até chegar no limite territorial, cruza e chega ao amor. Entretanto esse limite é bem variável. Há vestígios de que alguns só se olharam a primeira vez e já sentiram o amor. Mas também há aqueles que sempre andaram mas nunca cruzaram a fronteira e só o conhecem porque leram as impressões escritas de quem já chegou lá.
Então o que é e o que não é amor?
Quem pode dizer se era ou não uma história de amor?
Segundo as aulas de teoria da literatura, toda obra precisa ter a intencionalidade. Qual a intenção do autor? A que a obra se propõe a ser?
Então comecemos a escrever a nossa história agora. Vamos inventar o nosso prazer, a nossa felicidade, a nossa amizade, o nosso amor.
Vamos ser os autores-personagens do nosso romance e viver aquilo a que nos propomos sentir.

sábado, 4 de agosto de 2007

No papel do ridículo

Há umas duas semanas, fui ao cinema assistir cão sem dono. Estava super ansiosa para assistir ao filme pois já tinha ouvido falar muito sobre ele mas, para minha decepção, o filme não atingiu nem metade das minhas expectativas. Não é um filme ruim, apenas não me emocionou. É sobre o sofrimento de um homem após separar-se da mulher que ama, ele chega ao fundo do poço e perde completamente o eixo sobre sua vida. O filme, tão elogiado pela critica e pelo público no cine PE, que realmente não entendi porque não gostei. Deixei pra lá.
Ontem fui ao teatro, a peça também era sobre o sofrimento causado pelo amor. Havia umas cenas dramáticas das dores horrorosas que os personagens sentiam. Enquanto todos da platéia assistiam atentamente as cenas e se emocionavam com o drama ali exposto, eu caía numa crise de riso. Ria sem parar, tentava conter o riso, mas era inútil. Achei aquilo tudo tão patético, aquelas pessoas sofrendo daquela forma, que parecia mais uma comédia do que um drama. Aí finalmente entendi porque não gostei de cão sem dono. Foi pelo mesmo motivo que ri na peça.
Tanto no filme quanto no espetáculo, o sofrimento após o término de uma relação é tão forte que chega a ser ridículo. Os personagens protagonizam as cenas mais patéticas que já vi. Viram-se no chão, se contorcem, gritam, falam absurdos do tipo que não vão conseguir levar mais a vida. De tão dramático torna-se engraçado. Percebo então que o amor nos torna um bando de ridículos!
Há aqueles que devem me achar uma pedra insensível por eu pensar dessa forma, mas não consigo perceber emoção nessas cenas humilhantes e degradantes. Quem quiser que ache isso bonito e chame de amor. Isso pra mim é patetice e caso de loucura. Essas estórias em que a donzela ou o príncipe sofreram tanto com a ausência do outro que morreram de amor são os maiores casos de falta de amor próprio. Ninguém pode ser tão importante na vida do outro a ponto da sua ausência lhe tirar a razão ou a alegria de viver. Quem pensa assim, por favor trate de procurar uma terapia porque você deve ter sérios problemas de auto-estima.
A dor da separação é uma das piores coisas que sofremos, concordo plenamente. Aquela dor no peito, o choro preso, uma frustração, saudade. Aff! É horrível. Porém não vamos tornar esse momento pior do que já é ao transformá-lo em uma novela mexicana, porque pode parecer não ter fim, mas tem e tudo passa. Aí depois que a emoção do tal amor passar, quem é que vai achar agradável perceber que foi uma Maria do Bairro ou um Luis Fernando de La Vega?

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Vamos fugir....

Médicos em greve. Professores em greve. 346 homicídios em julho. Ai socorrooooo!!!!
Vamos fugir daqui? Mas como? Não dá nem pra pegar o primeiro avião.