quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Bobagens de natal

Meu primeiro natal na minha casa passou despercebido, sem qualquer sinal de festa natalina. Não foi por protesto ou esse papo de comercialização do Natal, foi simplesmente preguiça e falta de vontade. A síndica encheu a frente do prédio de luzes, meus vizinhos colocaram aqueles enfeites de porta e tapetinhos decorados na entrada, então me senti contemplada.
Gosto da noite de natal porque reunimos a parentada toda e é coisa rara reunir tanta gente. A ceia como sempre foi um exagero de comida e tivemos que fazer o segundo round no almoço para dar conta da comilança. Esse natal percebi que realmente sou uma dona de casa: todos os presentinhos que ganhei foram de utensilios domésticos. Confesso que gostei, todos são muito úteis e minha cozinha vai ficar uma graça, talvez, para o próximo ano, a use com mais frequência.
Hoje também é aniversário de meu amigo Pedro Paulo. Ele, assim como eu, é um louco por dramas. Mas também o coitado foi nascer bem no dia de Jesus Cristo, concorrência desleal. Nunca teve uma festa de aniversário e ainda são poucos os amigos que lembram de parabeniza-lo. Só isso já é para deixar qualquer criança desolada e um adulto carente. Mas ele agora é um residente de neurologia do HC, e acho que é importante porque ele está todo bobo com isso. Devia ter feito para ser cardiologista e cuidar da dor do coração partido. Mas como tantas vezes eu disse em respostas as suas lamentações: Quem disse que a vida é justa?
É Pedrinho, quem sabe ficaremos menos dramaticos no próximo ano? Mas será que não perderemos nosso charme? Caso isso aconteça, acho que ficaremos menos divertidos, porque pelo menos nossos dramas sempre nos renderam ótimas gargalhadas. Mas podemos tentar e ver no que dá.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Presságios de ano novo

Começo a sentir os primeiros sintomas do final do ano: necessidade de mudanças e expectativas para a novidade. Uma vez li em um desses textos que passam por e-mail e que a gente nunca tem certeza da autoria, que a passagem do ano era o tempo de dar uma parada, respirar fundo para relaxar, renovar as esperanças para continuar a seguir. Nesse período costumo estar tão cansada que desejo logo mudanças que tragam fôlego novo para agüentar.
Mas será que realmente conseguimos mudar? Ou apenas damos uma ajeitada no visual, mas a nossa essência permanece a mesma como edição renovada daquele livro preferido? A capa nova e aquele cheirinho de que acabou de sair da gráfica dão a impressão que ele está diferente, mas quando começamos a folheá-lo percebemos que por dentro o livro continua igualzinho a antes e conta a mesma estória.
Nesse ano passei por muitas mudanças: deixei a casa dos meus pais, passei a morar sozinha e comecei um trabalho novo. Mas acho que continuo com as mesmas reações e sentimentos, cometendo os mesmos erros, repetindo a mesma dinâmica de funcionamento apesar de contextos diferentes.
Talvez eu seja apenas um livro reeditado contando sempre a mesma história. Assim, o que preciso mudar está dentro de mim e não fora. Não é a casa nem a cidade, mas eu mesma. Meus medos, minhas inseguranças, minhas defesas e ataques, meu orgulho e minha arrogância, minha ansiedade e impulsividade.
Mas não somos presos à mesma estória como os livros, somos livres. Talvez a única coisa que verdadeiramente somos: livres.
Estamos muitas coisas. Estou assistente social, estou morando sozinha, estou filha. Mas posso deixar de estar nessas situações a qualquer momento e essa é a grande sacada de viver. Perceber que realmente podemos mudar. Podemos ser o que quisermos, mas é preciso agir e isso é o difícil e desanimador. Talvez por isso questionamos se a nossa mudança é possível.
Estive a um ponto de mudar meu movimento, de sair do circulo, achei a saída, mas não consegui ultrapassá-la. Tive a oportunidade e desperdicei. Lembrou aqueles finais dos episódios de Caverna do Dragão em que no último minuto eles não voltam ao mundo deles e ficam presos naquela dimensão. Eu fiquei presa, mas não por causa de Vingador ou Mestre dos Magos ou nenhum unicórnio chato. Eu fiquei presa por mim mesma. Não consegui avançar. Uma força me atraia a ficar, era uma dor tão forte que não suportei e desisti. Quando lembro disso me sinto altamente frustrada e com a sensação que não conseguirei nunca, que sempre permanecerei assim, como a tal síndrome de Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim.... sempre Gabriela” .
Mas não posso me sentir completamente impotente e, então, começo pelo mais fácil. Portanto volto às reflexões de ano novo e à lista de planos e projetos: que tal sair de Recife?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Amizade colorida?

Ando bastante interessada nesses dias em definir amizade colorida. Se alguém souber, por favor, compartilhe comigo. Fui questionada a respeito e realmente fiquei em dúvida. Parei, pensei e fiquei matutando. Dizem que duas pessoas, um homem e uma mulher tratando-se de uma relação heterossexual, são amigos e vez ou outra se encontram para um sexo casual. Pode até ser caretice minha, mas acho que isso não dá certo. Além de considerar muito perigoso também.
Ao analisar os modelos de relações que conheço, vale ressaltar que posso estar desatualizada já que nesse mundo pós-moderno tudo é tão efêmero, vejo que essa é a mais falida e a mais certa de se cair em uma bela cilada.
Vejamos, há aquela ficada tradicional de uma noite em que duas pessoas se conhecem e já ficam. Essa etapa pode não passar daí e nunca mais rolar nada entre as duas pessoas, alias elas podem nunca nem se verem mais. Porém ela também pode evoluir para o rolo, ou aquele momento do “estamos ficando”. Bom, essa fase é aquela que os dois saem, fazem tudo que namorados fazem, mas não há comprometimento, portanto não caracteriza o namoro. Geralmente, nessas situações, uma das partes não está apaixonada ou não quer se comprometer, enfim a outra parte termina com uma baita dor de cotovelo. Mas quando termina vai cada um para o seu lado, e pode até ser que fique uma relação cordial, mas nada de contato muito freqüente. Os outros tipos de relacionamento são: o namoro, noivado e casamento. Para essas não há necessidade de especificar porque todo mundo já sabe como é.
Voltando ao estágio da perigosa amizade colorida, acho que ser amigo significa admirar o outro, ser cúmplice e confidente, gostar de estar junto, divertir-se, se identificar e brigar também. Sexo é atração física, pele, cheiro, prazer, intimidade. Então se juntar isso tudo como é que não vai dar em paixão? Acho isso muito, muito perigoso, ou até ingênuo quem se arrisca porque há muito que perder.
Havia toda uma cumplicidade antes que será alterada porque duvido que depois da intimidade do sexo você vai olhar aquele seu amigo de infância da mesma forma. Por isso que nesse sentido prefiro ser radical: só sou amiga de quem não me sinto atraída fisicamente. Se rolar uma atraçãozinha já estabeleço a relação em outros termos, até porque sabemos que o quantitativo de pessoas interessantes, heterossexuais e disponíveis está muito baixo, e a quantidade de mulheres interessantes e ótimas amigas é bem superior. Como acredito em amizade feminina e tenho ótimas amigas, deixo os homens para outra condição. Aí já respondo a outra famosa questão: existe amizade entre homens e mulheres? Existe, desde não haja interesse sexual de alguma das partes. Parece que os homens são mais bem resolvidos nesse aspecto, eles já dizem logo que amizade com mulher não existe e que caiu na rede é peixe.
Nesse momento me sinto uma bela intrusa no pensamento masculino e sem acanhamentos, mas surpresa, confesso.

Fim de Caso

Saiu em silêncio. Não quis fazer cena e dispensou aqueles diálogos mentirosos. Havia o que se dizer, mas faltou coragem e preferiu deixar pra lá. Ainda assim, ao menos, uma troca de olhares merecia.
- É assim que se jaz uma paixão: gritos, brigas, choro e sofrimento. Ou você nunca ouviu atrás da porta? Volte aqui e faça direito!

A história de Maria dos Desencontros II


Seus olhos voltaram a brilhar e seu riso, sempre fácil, está presente até quando dorme. Um encontro casual, uma proposta de brincadeira, e quando estão juntos as horas se transformam em segundos. A fome foi embora. O almoço só é lembrado porque o relógio marca meio-dia e como uma atividade rotineira faz a refeição do arroz, bife e feijão. Completam frases, falam juntos e pensam a mesma coisa. Mal passam 24 horas e já quer vê-lo novamente. Chegou a ouvir Jorge Vercilo e, para sua surpresa, não foi nenhum sacrifício, foi a melhor música que ela ouvira, pois era a música que ele gostava. Ao seu lado compartilhou o silêncio. Era não apenas sinal de intimidade, mas também a confirmação do que sentia.
Entretanto não seria Maria se tudo ocorresse em harmonia. Mais uma vez ela se deparou com um desencontro. Na fase em que se decide viver relações verdadeiras, em que se sente pronta a compartilhar e a se doar, ela cai nessa boa trapaça: Ele não é livre.
Por mais intenso que ele estivesse com ela, não seria completo. Não podia mais estabelecer uma amizade apenas para estar ao seu lado, pois isso significaria abafar a ebulição de seus sentimentos e um sofrimento continuo, além de que não haveria verdade nessa relação, eles seriam desonestos não apenas um com o outro mas com eles mesmos.
Depois de revelar os medos e desejos, decidiu então se entregar a uma única noite. A mais perfeita de todas.
Na manhã seguinte, o olhou e disse adeus. Ela fechou a porta e não acreditava que mais uma vez desencontrara-se de seus sentimentos, mas sentiu-se satisfeita por ter tido ao menos a chance de viver todas essas emoções.
São de momentos como esse que ela tece sua vida.
São de seus desencontros que ela se faz, refaz e se transforma.

Depois de uma conversa no trabalho sobre religião, vi como minhas colegas falavam com tanta convicção na fé em Deus. Achei aquilo tão puro, e confesso que senti um pouco de inveja já que não tenho certeza de nada.
Desejei essa sensação de tranqüilidade que só a fé traz, seja fé em Deus ou até em uma teoria cientifica, como minha amiga Paula que defende a teoria marxista contra todos os ataques pós-modernos.
Talvez um pouco de fé melhorasse as coisas. Fé em Jesus Cristo ou Buda ou até mesmo em Alá. Fé em uma nova ordem social mais justa, possível e alcançável. Fé no amor e nas relações. Fé para aceitar as respostas que me aparecem. Fé na minha felicidade. Quero o impossível: a auto-suficiência e a verdade absoluta. Acho que eles espantariam todos os meus medos e os levariam para longe.
Eu queria acreditar em algo profundamente, mas tenho medo que tanta certeza me leve ao reducionismo. Minhas duvidas, de algum modo, me movimentam. Mas também me levam a uma eterna angustia: a de viver.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Seguindo caminhos

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Mais uma amiga prepara-se para mudar o estado civil. A noiva da vez é Nakeida, amiga desde a época do Colégio quando cursávamos o antigo 2º grau que hoje é o Ensino Médio. Dez anos depois de termos nos conhecido recebo o convite para seu casamento. Ela é a quinta amiga a entrar no mundo dos casados, deve ser um processo natural quando se vai beirando os 30. Como diz uma colega do trabalho eu é que estou na direção contrária do movimento. Mas não vou adentrar nesse assunto de mulher-de-30-independente-e-solteira, depois que um amigo disse que meu blog é muito balzaquiano fiquei meio desconfiada, afinal, pelos meus cálculos, ainda faltam 3 anos, oito meses e 22 dias para que eu me torne de fato uma mulher de 30 e não estou nem um pouco a fim de adiantar o processo. Mas voltando ao assunto da minha amiga que vai casar, fiquei pensando que cada uma segue seu rumo.
Tenho muita facilidade para me aproximar de pessoas, seja num bar, no trabalho, em algum curso, na parada de ônibus. Não faltam companhias, e muito boas vale ressaltar, para tomar uma cerveja, bater um bom papo, fazer uma festa, ir ao cinema. Mas há um grupo restrito de amigas que me acompanham desde a adolescência e que já enxugamos muitas lágrimas, escutamos atentamente todos os detalhes de um inicio de namoro, xingamos ex-namorados, rimos bastante de nós mesmas, torcemos, raspamos sobrancelhas quando passamos no vestibular, preparamos os vestidos para os bailes de formaturas, aprovamos ou desaprovamos candidatos ao cargo de cunhados, brindamos nossos empregos... E por aí vai." >Agora vai me dando uma alegria, mas também uma tristeza bem de leve com os rumos que nossas vidas têm tomado e que nos afastam fisicamente uma da outra. A primeira a seguir foi Dani que casou, foi morar nos EUA e me deu uma sobrinha americana linda, Beatriz, que ainda nem conheci. Por falar nisso, outra amiga está de malas prontas para ir passar uns tempos na terrinha de Bush, Alessandra vai estudar inglês e trabalhar por lá. Nanda também casou e já teve João que nasceu de 8 meses e é um bebê lindo. Zilanda e Joana também preparam o enxoval para o casório. Eu dei meu grito de independência e agora estou na briga para pagar as contas e louca para botar o pé na estrada.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

De mãos dadas para a travessia

Ainda restavam 30 minutos para a chegada do vôo Brasília – Recife. Olhava para o relógio, o peito batia forte à medida que os minutos passavam. Conferia a tela de chegada dos vôos: estava lá confirmado, sem atrasos. Ao meu redor dezenas de pessoas também a espera por amigos, parentes, amores. Eu não sabia exatamente por quem esperava. Havia a expectativa por um amor, por um amigo, por um desconhecido ou até pelo meu príncipe encantado. Há dois anos repeti essa cena, estava eu lá no mesmo horário, esperando por alguém que havia visto apenas uma vez, mas que voltava para ficar comigo, para me conhecer, para viver cenas de um romance. Dessa vez, sabia a importância desse reencontro. Dois anos de espera, tantas fantasias criadas e em poucos minutos elas se tornariam reais ou seriam todas destruídas. É a continuação de um filme. Nem sempre continuações atendem nossas expectativas, isso porque dificilmente conseguem manter o charme ou o encantamento do seu antecessor. Eu vivi o meu: dois estranhos, de nacionalidades diferentes, se olham, se encantam, se apaixonam, passam uma semana juntos e depois não se vêem mais. Perfeito. Roteiro comum batido nas telas dos cinemas americanos, mas para mim era vida real. Foi o suficiente para criar um imaginário no qual eu tinha o ideal de amor. Tomei o lugar de Julie Delpy e me transformei na Celine.
O portão se abriu, e lá estava ele. Olhava para os lados, me procurava entre todas aquelas pessoas ali, umas já se abraçando, outras ainda em pé a espera pelos seus. Não me via, fiz sinal com a mão. Ainda não me viu. O chamei: Alberto.
Fomos almoçar. Não tinha fome, estava anestesiada, acho que encantada. Ele falava sem parar. Contava de sua viagem a Minas Gerais, de seus planos para os próximos meses e de como iríamos nos divertir nessas duas semanas juntos. Fernando de Noronha, Rio Grande do Norte, Caruaru, dançar forró, Oficina de Brennand. Tantas coisas. Eu lá parada. Escutava, olhava, via seu sorriso. Tentava não transparecer todas as emoções que sentia. Ele percebia, perguntava porque eu parecia distante. Por momentos eu não estava ali. Era observadora, e não sujeita da ação.
Os dias foram passando e nos surpreendíamos com nossas diferenças. Como mudamos. Não reconhecia mais aquele olhar romântico com o qual ele observava o seu redor. Deixei-me levar pela impaciência que trazia a irritação também. Eu me defendia, reprimia meus olhares, meus toques. Ele sentia. Éramos dois defensivos, e de tão defensivos nos atacávamos. Não sabíamos lidar com essa passagem. Achava que a dificuldade era apenas minha, mas ele também tinha. Quando nos permitíamos olhar um para o outro víamos algo maior que brilhava, riamos e nos desarmávamos. Éramos um homem e mulher que além da atração, da vontade de estarem juntos, tínhamos uma cumplicidade verdadeira, um carinho forte, algo que precisava ser preservado. Meu melhor amigo é o meu amor. A frase simples da musica mais simples ainda.
Sentia a dor do choro, o aperto no peito ao me despedir das minhas fantasias e ter que aceitar o que a realidade me trazia. Via meu príncipe ir embora em seu cavalo branco, de tão distante que ia não reconhecia mais seu rosto. Ao meu lado estava um homem, um companheiro, um amigo. Tínhamos dois caminhos. Escolhemos a amizade. Estamos abertos a paixões a vida inteira, que podem durar meses ou apenas uma semana. Vivemos a nossa.
Agora temos a leveza da amizade, a tranqüilidade de um vinculo forte e permanente apesar da distância.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Lugar Algum, dia passado do ano acabado.

Olá,com vai?
Estranha minha carta? Minha procura? Sei que não me conheces.Sei também que estais bem. Imagino teu rosto tranqüilo, teu sorriso leve e teus olhos brilhantes. Ai que pena! Que pena eu sinto. Queria que estivesse aos prantos, que tudo estivesse negro, mais negro que qualquer noite sem lua ou estrelas. Como eu desejo teu sofrimento, tuas lágrimas e tua angustia. Teu sofrimento seria meu consolo, tua tristeza minha paz.
Se quiser saber mesmo, não estou bem. Não estou porque você está. Desejaria o contrario. Mas não há como mudar o real. Ai saudade! Saudade do que vivi e do que não vivi. Saudade das minhas ilusões perdidas em ti. Queria tanto o impossível, o errado, o mais simples, queria você. Prometo fazer diferente. Você promete me amar?
Eu já te amo. Te aceito e te quero. Sinto meu peito diminuir e se contorcer provocando uma dor maior, uma dor que me leva ao além. Além do que penso que sou. Ah, mas o que sou? Sei o que procuro. Procuro um amor maior, um ideal, um sonho, algo que jamais terei. Queria te sentir ao menos uma vez, pela primeira vez

O Fantástico Mundo de Bob

Era um desenho animado que contava a história de um garotinho, Bob, e suas mirabolantes fantasias. Ele era um especialista em usar a sua imaginação. Imaginava o incrível sobre coisas banais para qualquer adulto. Como a vida trata de seguir e se encarrega de trazer o real em confronto com as nossas fantasias, Bob sempre ficava confuso e um tanto decepcionado com a realidade. Oh coisa chata esse tal mundo real! Como Bob, sou tão feliz nos filmes sobre minha vida que vejo sempre quando fecho os olhos. São intensos, mas previsíveis. A mocinha sempre se dá bem no final.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Após choro e reclamações:




amigos, surpresa, alegria, carinho, bolo, chapeuzinho, Pátio de São Pedro, forró e cachaça.

domingo, 22 de junho de 2008

Feliz Aniversário

Tem gente que não gosta de fazer aniversário, prefere até que ninguem saiba e esconde a data. Eu adoro aniversário e principalmente celebrar a data. É o marco em que um ciclo se fecha e outro se inicia. Lembro-me dos preparativos de minhas festas quando criança. Minha mãe na cozinha preparando os doces e salgados. Eu ajudava como podia: enrolava os brigadeiros e raspava as sobras da panela com a colher de pau.
Esse ano está diferente. Não tenho vontade de festa. Não encontro a alegria. O que é até uma contradição já que a data é bem no meio das festas juninas. Mas não é minha festa. Tem música, tem gente, tem bebida e dança, mas ainda assim a festa não é minha, e pior, não é para mim. Os convidados são estranhos, a casa de porta aberta não é meu lar. Não sou anfitriã de ninguém. Sinto o frio da cidade apesar de estar agasalhada, a cachaça desce queimando diferente, e o arrasta pé tá sem ritmo. Não tem bolo, nem vela.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fase nova

Faz uns três meses que estou morando sozinha. Ainda estou em processo de adaptação. Às vezes paro, olho o apartamento quase vazio, são poucos os móveis que tenho, e me pergunto o que fazer. A sensação é que posso tudo, a liberdade dá uma onipotência, mas também me deixa perdida.
Da rotina de cuidar de casa o que não me agrada é ir ao supermercado. Primeiro porque não sou lá muito organizada e sempre esqueço o que precisava comprar. Fico andando, passeando pelas seções e aí conforme vejo os produtos vou decidindo se levo ou não. Mas o pior mesmo é subir as escadas do prédio com as sacolas e depois arrumar as compras no armário.
Apesar da falta de talento, gosto de me entreter com as panelas e temperos. Minha especialidade é macarrão com qualquer coisa. O arroz, não encontro o ponto: se deixo a água secar, ele fica duro; se coloco mais água o danado fica todo grudado! Feijão, ainda não me arrisquei.
Minha diversão maior é a faxina. Acordo cedo, empolgada, pego a vassoura, o espanador e começo: primeiro, os quartos; depois a sala e a varanda; a cozinha e, por último, o banheiro.
Bom mesmo é quando chega o sábado e vou visitar meus pais. São tantas conversas, não sei de onde surgem tantos assuntos. Os abraços, antes desajeitados, só em aniversário ou no natal, agora são semanais!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Carnaval – festival multicultural

Minha paixão pelo carnaval aconteceu ainda pequenina, quando minha mãe, uma foliã com frevo no pé, me levava para as ladeiras de Olinda. Subíamos e descíamos juntas no meio da multidão para o encontro entre os blocos Pitombeira dos Quatro Cantos e Elefante. Não entedia o que significava aquela festa, mas também nem precisava, o mais importante dispensava qualquer explicação, até mesmo para uma menina. Sentia a alegria daquela música que fazia todo mundo pular e cantar com emoção: “
Olinda, quero cantar a ti essa canção....” Eu também queria cantar e mal conseguia repetir bem alto o refrão : “ ... teus coqueirais, o teu sol, o teu mar faz vibrar meu coração, de amor a sonhar em Olinda sem igual, salve o teu carnaval...”
Hoje não imagino o ano sem brincar o carnaval. Às vezes até penso em viajar e descansar numa praia tranqüila, mas ainda bem que mudo sempre de idéia e caio na folia. Por mais cansada que eu esteja, já que não tenho lá mais tanta disposição física para brincar os quatro dias seguidos: as pernas cansam, a coluna reclama e os pés, coitados, esses sofrem com pisadas e apertos, quando o frevo começa ninguém me segura. Ele entra pela cabeça, passa pelo corpo e acaba na ponta do pé.
Não há como ficar indiferente a essa grande festa popular. Acho lindo o que acontece aqui em Pernambuco nesse período. As ruas tomadas por pessoas de todas as idades, cores, etnias e classes, dançando, cantando, se divertindo em um mesmo espaço. Para que cordão de isolamento? Não precisamos, queremos liberdade para dar-nos as mãos e formarmos uma grande roda e dançar ciranda. No lugar de abadás, fantasias irreverentes, improvisadas, ou a velha chita.
Como alguém me disse, o nosso carnaval virou um grande festival. Uma festa democrática que mistura ritmos, em que o frevo abre a porta para o rock e deixa o samba passar, junto com o coco, maracatu, caboclinho e batida eletrônica.

domingo, 20 de janeiro de 2008

A verdadeira Maria dos Desencontros

Quando decidi fazer um blog eu tinha apenas a intenção de ter um espaço nesse imenso mundo da internet em que eu seria uma desconhecida e poderia escrever o que eu desejasse, sem me preocupar com os olhos de algum leitor acidental. Como nunca fui lá muito familiarizada com a internet, sempre usei apenas o básico, e-mails, messenger e google, não tinha a menor idéia de como criar um blog. Depois de uma noite procurando sites e orientações, consegui entender como funcionava e vi que não era nada difícil, precisava apenas seguir as instruções. A parte dificil mesmo foi a escolha do nome. Não iria colocar o meu, lógico! Teria que ser um espaço totalmente anônimo. Pensei em alguns pseudônimos, mas nunca fui lá muito criativa. Aí lembrei de uma crônica maravilhosa que li do Samarone em seu blog: A pequena história de Maria dos Desencontros.(http://estuariope.blogspot.com/2005/10/pequena-histria-de-maria-dos.html ). Adoro os textos de Samarone, são deliciosos de ler, ele consegue trasnmitir as emoções dos pequenos detalhes do cotidiano, e essa crônica em especial havia me tocado muito. Conforme eu a lia, ia me emocionando com as histórias dessa mulher, dessa Maria, que tinha decidido viver apenas o presente pois já cansada dos desencontros que a vida lhe proporcionava, passou a viver como se estivesse com alguma doença terminal. Não preciso nem dizer o quanto me identifiquei, pois terminei por "roubar" a identidade de Maria.
Mas quem não vive desencontros? Talvez uns mais, outros menos. Nem sempre as oportunidades surgem na hora certa, no tempo certo, ou muitas vezes não conseguimos enxergá-las. As famosas e clichês frases sobre "as armadilhas do destino" ou "as surpresas da vida" não devem ter surgido a toa. Nesse momento em que também decido viver o presente, percebo também que o meu presente hoje é o futuro que ansiei há dois anos, quando apaixonada por um estrangeiro, ao nos despedirmos no aeroporto ele disse que voltaria em dois anos.
"Dois anos? Mas isso é muito tempo. Iremos nos esquecer até lá, talvez nem nos encotraremos novamente ou se nos encontrarmos poderemos estar em outro momento de nossas vidas, poderemos estar com outras pessoas." E ele respondeu: " Temos que aguardar, não sabemos."

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O que há de pior em mim

Me iludo. Mas é por pouco tempo. Na verdade nem consigo me iludir. Desconfio. É desconfiança mesmo, não ilusão. Finjo que acredito que você é alguém bem melhor, você finje tão bem. Até parece que aquela menina desperta e acha que finalmente encontrou seu pai herói. Ah, mas não tenho herói, nunca gostei de superman, sempre preferi o garfield. Mas o garfield não é herói, nem ético, nem corajoso, nem sempre se dá bem, mas tenta. Pai também não. Quantas provisões, algumas insuficientes outras até surpreendentes. Mas tudo sempre atrasado ou compensatório. Bolsa-família surgiu na minha casa. Presente com sabor de liquidação não tem troca, é fim de estoque, roupa fora de moda e bicicleta fora da idade.
Andei sozinha. Aprendi a pedalar sozinha. Não posso esquecer de meu amigo de infância e vizinho Luciano, tão companheiro nessas horas. Segurava o celim da bicicleta e quando eu começava minhas primeiras pedaladas ele soltava as mãos tão discretamente que eu só percebia quando caía de bunda no chão. Lá vinha ele correndo rindo da minha queda, mas sempre elogiando minha desenvoltura no pedal.
Fui apresentada ao egoísmo, à desconfiança e à mesquinharia. Não fui uma boa aluna apesar de ter um excelente professor. Sempre fui muito teimosa, só aprendia o que me interessava.
Festas. Não fui a nenhuma delas. Tinha 15 anos, estava pronta com meu vestido laranja, era horrível mas eu me achava linda. A ansiedade de dançar com qualquer um, seria minha primeira dança. As paredes do meu quarto foram meus primeiros campos de independência. Era lá que o rosto com a maquiagem mal feita borrada pelas lágrimas do seu não que eu comecei a tecer meu plano de mulher independente. Não precisaria ouvir nem sim nem não porque ela poderia fazer o que quisesse. Ela se permitiria.
O abraço desajeitado de dois estranhos que nunca se conhecem vindo da entrega de presentes comprados por terceira, por ela sempre insistente para a fotografia da família feliz. Não espero nada e ao mesmo tempo tudo! Sua alma se fora desse corpo há tanto tempo, não agüento a presença dessa figura ausente de significações. Boneco de pano não seria diferente, talvez mais útil, é tão bonitinho! Melhor ainda uma fotografia. Limpava a poeira uma vez ou outra e ainda poderia virar o porta-retrato para me privar de sua companhia.
-Afaste-se!
-Mais?
-Definitivamente.