domingo, 29 de julho de 2007


Um dia algém me disse que adorava cinema porque os filmes preenchiam seus vazios.


Meu verbo preferido sempre foi o ter. Trocava apenas os complementos. Foram tantos sujeitos, adjetivos, substantivos, advérbios na procura do melhor resultado, mas não adiantavam. Tinha sempre a impressão de que faltava algo nos textos, alguma palavra fora do lugar ou em exagero. Havia um erro, não sabia qual. Decidi ir a sua busca. Reli todos os textos escritos, desde aqueles de menina nas aulas de redação do colégio até os mais recentes. Li todos como um leitor exigente. Foi um trabalho árduo, cansativo e até doloroso, mas valeu a pena.
O erro estava no núcleo do predicado verbal, na essência, no próprio verbo. Os textos antigos não podem ser refeitos, admito hoje que não eram tão ruins quanto pensava, mas já foram escritos e publicados. Concentro-me para os próximos, esses terão o verbo certo: sentir.

sábado, 28 de julho de 2007

Abro a janela. Finalmente o sol brilha.
Vou até o jardim.
Casulos, roseiras cheias de botões, grama verde a crescer.
Hummm Acho que são os anúncios da primavera, ao menos para mim.




sexta-feira, 20 de julho de 2007

Um flash passa em minha mente carregado de lembranças boas de momentos que foram e que ficaram. Estão em mim, me completam, fragmentos de um todo. Hoje me aparecem como sensações, sentimentos, pensamentos que não descrevo em palavras pois não quero torná-los signos . São apenas essências. Minhas essências. Eu. apenas eu, que procuro loucamente nesse escuro. Escuro? Não. No colorido. Me perco no colorido, são tantas cores. Uma infinitude de possibilidades.
Ai que dor, a dor que faz nascer. A dor que apresenta o desconhecido. E para a sua chegada é preciso afastar-se de tudo que já foi dito, feito, visto e sentido.
Não quero o passado de volta repaginado, o que foi, foi-se. Quero o presente intenso sem as marcas do que já fiz e sempre faço.
Lembrar com saudade é despedir-se novamente. Ah, sábia!!!

New roommate

>Estou aprendendo a conviver com a solidão. Lembro que o ano passado já havia começado esse processo, depois abandonei a idéia e tratei de afastá-la. Mas a danada arrumou um jeito de aparecer de surpresa, e bateu a minha porta. Então resolvi permitir sua entrada, porém fui tentar conhecê-la e procurei seus antecedentes. Alguns dizem que a solidão é algo ruim, as canções baratas referem-se a ela como uma peste. Já Clarice Lispector dizia que a sua força estava na solidão e que ela lhe bastava.Para os filósofos existencialistas é a condição de todo ser humano. O homem nasce só, vive só e morre só. Cada um tem dentro de si tudo o que precisa para ser feliz e se realizar. O homem por si só já é completo, o outro só vem a trocar.Pois bem, depois de identificá-la percebi que o início de convivência seria bem difícil.Ela incomoda bastante e requer uma série de exigências. É preciso diminuir o ritmo de atividades, acalmar um pouco a rotina. Silêncio, muito silêncio para prestar atenção em alguns barulhos que só você pode ouvir. Ela é muito curiosa e sempre lhe faz perguntas e questionamentos que você nem sempre tem a resposta, ou nunca antes tinha parado para pensar a respeito. É ciumenta também e quer toda a minha atenção, não aceita compartilhar com meus outros amigos. Tem umas companhias que não são muito agradáveis, às vezes aparecem a tristeza e a angústia, mas acredito que depois elas demorem a voltar, não são muito bem vindas. Ah, mas ela é bem íntima da arte, principalmente da literatura. No final de tudo tenho a certeza que seremos grandes roommates. É só questão de adaptação, já dei o primeiro passo: a aceitei.

terça-feira, 17 de julho de 2007

algumas notinhas...

Sou ímpar mas teimo em querer ser par. Que menina mais teimosa! Só ficando de castigo para aprender.

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Sábado à noite fui quase assaltada. Deixei o vidro do carro um pouco aberto e quando parei no sinal, um menino apareceu na janela. Falou alguma coisa baixo, não entendi bem. Quando me virei para lhe dar atenção, vi a faca apontada para mim. Era uma serrinha de pão. Pediu o celular, com esse seria o meu terceiro roubado. No momento em que fui procurar o aparelho para dar ao menino, o sinal abriu e um motoqueiro, que via tudo a distância, acelerou a moto em direção ao garoto. Ele saiu correndo. Da mesma forma que apareceu de surpresa, desapareceu entre os carros. Fiquei tranqüila, mas D. Lau que estava comigo fez um escândalo, e ainda tive que ouvir todas as suas recomendações para não deixar o vidro aberto. Resultado: rendo-me ao ar-condicionado.

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Entrei no clima do PAN. Foi de repente, comecei a assistir a competição da ginástica nessa segunda a tarde. Me peguei fazendo um esforço para entender aquela pontuação matematicamente louca. As notas são todas fracionadas, que loucura! 13.3 , 16.5, 15.5, 6.2 Não entendia nada, mas fui a maior torcedora. Além disso, a competição virou quase um drama mexicano. Quem não se comoveu com a menina de 15 anos que perdeu a mãe quando criança e foi ajudada por um projeto social? Pois bem, esqueçamos o drama feito pelos jornalistas e vamos ao fato: o choro preso da ginasta após a queda no último aparelho e a sua volta para finalizar o exercício. Nessa hora ativei o mute da tevê. Qualquer comentário era totalmente dispensável.

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Dunga tá zangado. Coitado do Ronaldinho cara de cachorro e do Kaká menino que aceitou Jesus. Ui ui ui, agora ele ta podendo, 3 x 0 na Argentina. Eu no lugar dele já tinha comprado meu bilhete da mega sena. Temos que aproveitar quando a sorte aparece.

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terça-feira, 10 de julho de 2007

Atenção mulheres!!!


Há uma grave epidemia no mundo feminino. Um mal que vem assolando mulheres de todos os tipos, idades, raças e classes. Não sei se é algo novo ou se sempre existiu , mas só agora eu vim perceber sua existência em nosso universo. É a culpada pelas desgraças femininas, a responsável pelos fracassos nas relações amorosas: a carência afetiva.
Desconfio que exista uma conspiração contra nós mulheres e estamos caindo feito patas.
Prestem atenção: são inúmeras reportagens em revistas femininas, sites, colunas em jornais, crônicas, programas de TV, está a nossa volta o tempo todo. Tudo agora só se fala em carência afetiva. Se você se envolveu com um safado, foi carência. Se você é ciumenta ou insegura, a culpa é da sua baixa auto-estima. Se preferir namorar a estar sozinha, é porque você tem um vazio interior e só você mesma poderá preencher. Além disso tudo sobra para os pais. Coitados!!!! A culpa é deles que não amaram suficientemente suas filhas e elas cresceram doidas carentes procurando alguém para amar desesperadamente. Eu brinquei com uma amiga psicóloga: “sua classe profissional está liderando essa conspiração para encher seus consultórios”. São várias e várias entrevistas de psicólogos diagnosticando as mulheres de carentes. Aquelas sessões nas revistas femininas em que elas perguntam sobre suas relações. Todas, absolutamente todas as respostas dos especialistas se referem à carência.
Vamos ser razoáveis por favor! Claro que existe um sofrimento psíquico relacionado à carência afetiva e a baixa auto-estima, mas não vamos generalizar.
Por que não admitir que a mulher se envolveu com o safado porque tava a fim, porque o safado era bom de cama? E qual o problema de namorar sempre? Quem nasceu nesse mundo pra estar sozinho? Quem não gosta de ter alguém?
Nunca ninguém fala da parte do homem nessa conversa toda (ah eles nunca são os carentes. Esse mal é exclusivo nosso). Parece que eles são as vítimas das loucas carentes. Os coitados que foram sufocados e pressionados. Nada disso!! Será que as cobranças das mulheres não surgem da falta de comprometimento dos homens? E o ciúme e a insegurança não devem vir dessa mania horrorosa que os homens têm de olhar para qualquer rabo de saia que passe na sua frente e de sempre deixar a relação em terceiro ou quarto plano após o trabalho, o futebol e a cerveja com os amigos? Ora, ora, ora. E todas as cobranças que as mulheres sofrem? Se está chegando perto dos 30 solteira, lascou! Começam as piadinhas na família, o tal relógio biológico pedindo uma gravidez.
No final, a mulher acaba realmente achando que é carente, ler tudo quanto é reportagem sobre o “problema” e vai correndo para terapia. Aí lá começa a busca pelo não se sabe o quê, e volta na época em que se tinha sete anos de idade e seu pai bateu em você .... Pronto!!! Esse fato traumatizou toda sua vida amorosa....

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Diário de Campo

Nessa terça feira, 03/07, eu, Mari e Sr. Genival partimos para mais uma jornada pelo sertão. Essa viagem ia ser muito pesada, 5 dias em campo. Cidades previstas: Serra Talhada, Custódia e Ouricuri. Saímos de Recife pela manhã, tinhamos pela frente uns 400 km de estrada até a primeira parada: Serra Talhada.
Logo que entrei no carro, levei uns 20 minutos de conversa inicial com os dois, aquelas trivialidades sobre as açoes da viagem, o tempo e pronto. Caí no sono profundo. Só lembro me de, inutilmente, fazer um esforço imenso para abrir os oslhos em Caruaru, mas deixei pra lá. Segundo Mari, o carro tem efeito sonífero em mim. Mas é uma estratégia que faço desde criança quando viajava de carro para Belém com meus pais, dormindo o tempo passa mais rápido e não fico enjoada no caminho.

Almoçamos em São Caetano. A carne de sol estava uma delícia.
Voltamos a estrada, mais uns cochilos e chegamos a Arcoverde. Gosto de olhá-la pela estrada, pois dá pra ter uma visão completa da cidade, parece uma maquete ou uma cidade de brinquedo.

Chegamos em Serra Talhada no final da tarde. Fomos direto para as comunidades de São José de Caiçarinha e Conceição de Cima. Para chegar até lá é preciso enfrentar 15 km de uma estrada de barro cheia de buracos no meio da caatinga seca. Você chega na comunidade parecendo que levou uma surra.

A comunidade de Conceição de Cima lembra um cenário daquelas cidades de novela. As casas de barro com as faixadas bem pintadas em cores vibrantes, rosa choque, verde limão e lilás são as preferidas dos moradores. Elas ficam em meio círculo, no centro há um campo de futebol, ao lado uma igreja, do outro lado fica o grupo escolar.

Os moradores nos receberam com a simpatia de sempre. Puxaram logo umas cadeiras e mandaram a gente sentar. Sr. Genival, que não perde uma conversa, foi logo sentando.
Marta perguntou a ele como estava o pé torcido na última vez que esteve na comunidade. Ele disse que estava melhor, mas ainda um pouco inchado.
- A quantidade de anos que você tem é a mesma de dias que ele vai levar pra ficar bom - explicou Antonio, marido de Marta.
Não entendemos essa teoria, mas Sr. Genival ficou preocupado, se Antonio estiver certo, no total vai levar mais de cinquenta dias para o pé parar de doer e desinchar.
Mas para a sua tranquilidade Sônia deu logo a receita:
- Passa ovo que sara logo.
- Ovo? Cozinha o ovo? - Perguntou Sr. Genival curioso.
- Não, passa ele cru mesmo. Uma vez dei um mal jeito na mão e fui a uma rezadeira. Ela mandou eu passar gasolina, mas nem adiantou. Passei a noite toda sem dormir de dor, aí fui a cozinha passei ovo e amanheci boazinha.

Depois dessa descoberta médica/curandeira de Sônia, deixamos a comunidade.
Finalmente matei a curiosidade de ver um guiné. Sempre fui curiosa pra saber como era o tal bicho que fala: Tô fraco! Tô Fraco!

Duas coisas me impressionam no sertão: o silêncio e o pôr do sol. São absolutamente incríveis.
Assim acabou nosso primeiro dia.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Obrigada meu amigos, vocês tornaram um domingo chuvoso e sem graça na melhor comemoração de aniversário que já tive. Fico muito feliz em tê-los na minha vida.
Esse aniversário foi realmente muito especial. É um novo ano que se inicia em minha caminhada( no momento ela está dificil, há mais buracos que as ruas de Olinda ou as do meu Janga Beach, mas sei que me levará a uma praia tranquila, de águas mornas e areia branquinha)
Nesse aniversário, além da presença e a alegria de todos, ganhei sem dúvida alguma o melhor presente que alguém pode receber. Demonstração de carinho, dedicação e amizade. Obrigada Paulo, é um belo início de amizade. Rosana, obrigada pela briga com o seu novo office, sei que foi uma batalha dificil com essa nova versão de power point, mas infelizmente meu computador é antigo e não consegui abrir o arquivo. Os que vocês me entregaram estão no mural do meu quarto.

Queridos, leiam abaixo meu presente:

Maria dos Desencontros
Paulo Tavares M. Filho - 20/06/07

Maria dos Desencontros
Não se encontra em si
É um vasto mundo
Formado por sensações
Em evolução diária
Não se encontra no tempo
Pensa que ano começou em maio
Quando a vida passou a acontecer
Quando o horizonte se mostrou
Como sempre foi
Amplo!
Não se encontra conformada
Segue em busca de um novo encanto
Conta estrelas
A vida uma grande celebração a vida
Se afasta do pragmatismo
Do pensamento calculista
Que ancora o vôo
Não se encontra na multidão vazia
Durante o dia coexiste
De fato vive quando dorme
Quando sua essência
Abandona o que a prende ao chão
Quando de fato está, é livre
Para ser o que for
Em seu universo interior
Formado de possibilidades
Não se encontra a mesma
Ao amanhecer
Abre os olhos a um estranho
O dia
Que lhe chega como incógnita
Como virtualidade;
Ela também lhe é, se é, estranha no momento
Não esquece quem é
Mas reconhece a transitoriedade
Do que não pode ser estático.
Maria dos Desencontros
Não se encontra em si
E nos caminhos desencontrados
Com que tece sua vida
Mantém-se alerta ao mundo
Numa ode pós-moderna à alegria
À desrazão
Ao caminhar...