quarta-feira, 30 de maio de 2007

Espelho

Hoje pela manhã quebrei meu espelho. Foi acidental, escapou de minhas mãos. Os cacos ficaram espalhados pelo chão do quarto, mas tudo bem ele não seria mais necessário.
O que vejo em mim jamais sairia refletido em espelho algum.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Pessoas

Há uns tipos de pessoas que eu invejo. Por exemplo, Os magros de ruim, aqueles que comem a vontade e não engordam, desfrutam de todos os prazeres da gula e ainda assim permanecem em paz com a balança. Há os super zens também, os que adoram a natureza, o silêncio e uma meditação, são aqueles calmos que controlam a ansiedade. Acho tão bonitinho! Você se aproxima deles e já sente a paz e a harmonia, deve ser a tal aura. (Existem também os casais felizes, mas essa é aquela inveja ruim, ai como odeio casais felizes, mô pra cá, mô pra lá, vozinha de bebê, dengo dengo. Ahrgggg. Abaixo os casais felizes!!!!!!!!).
Mas também há uns que não consigo entender como vivem. Os racionais, por exemplo, tem coisa mais chata do que esses? Pra mim, impossível. Analisam, pensam duas, três até quatro vezes antes de fazer alguma coisa, planejam a vida detalhadamente, abafam as impulsividades, não vivem as paixões, racionalizam sentimentos, sensações, não se jogam na vida, eles passam por ela e nem notam. O que dizer também dos bonzinhos? Aqueles tipos que só pensam nos outros, incapazes de dizer não, pau pra toda obra, não se preocupe você pode pedir quantos favores quiser que eles nunca vão dizer não, você pisa no pé deles e eles ainda pedem desculpas por deixarem o pé no seu caminho. Bonzinho só se ferra.
Mas nenhum tipo me incomoda mais do que os sérios. Eu tenho medo desses que não riem nem soltam gargalhadas, que nunca gazearam aula nem colaram na prova, que nunca ficaram de porre.
Só não invejo, nem temo, nem me incomodo com os loucos pois esses representam o conjunto maior de pessoas no qual todos nós, sem exceção, estamos inseridos. Quem não tem suas loucuras?
Nas nossas idiossincrasias somos todos loucos.

A mil por hora

Parece que o ano está começando agora para mim, de repente surgiram tantos planos e projetos. Tenho que acelerar para dar tempo de fazer todos até dezembro.
Vou desenferrujar meu inglês e ressucitar o espanhol; fazer a monografia da especialização e a seleção para o mestrado; arrastar o pé em Arcoverde; trabalhar no semi-árido cearense e pernambucano, ir ao cinema aos fins de semana, ler água viva, metarmofose e trem bala. Claro que vou continuar a dançar o samba nas sextas, o forró arretado aos sábados, tomar minha caipirinha, ir ao Recife Antigo aos domingos, jogar conversa fora e escrever meus desencontros.

Labirinto

Entro no corredor das angústias, passo pela porta da ansiedade, chego à solidão, vou para a tristeza, fujo para a impulsividade, caio na insensatez, descanso na euforia, vago na alegria,continuo a andar, dobro na decepção, passo pela desilusão, volto à tristeza, abro a porta da reflexão, entro na calmaria, sigo em frente, o corredor é longo, dobro a esquerda, entro em outro corredor, já estive aqui, novamente nas angústias. Acabo de entrar em uma sala, não a conheço, nela há apenas um espelho.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Perdeu a importância

Sabe quando temos alguma coisa que perdeu sua importância e aí não sabemos o que fazer com ela? Aquele objeto antes tão estimado e agora representa apenas um entulho. Nessa situação surge aquela dúvida: o mantemos guardado ou o jogamos logo no lixo?

Por isso que tenho uma gaveta exclusiva para esses objetos que perderam a importância, mas que insisto em guardar por um tempo porque talvez um dia ele volte a ser de grande importância para mim. Então vou jogando as coisas nela, e aí a pobre da gaveta vai ficando uma bagunça danada até que chegue o esperado dia da faxina. Nesse dia, faço a limpeza geral. Tiro todos os papéis ali amassados e todos os cacarecos guardados passam por uma rigorosa seleção até alguns seguirem seu novo destino: o lixo. (Os papéis vão para a reciclagem, aproveito para fazer minha colaboração com o meio ambiente). Outros ainda vão permanecer guardados na gaveta por mais um tempo.

Se com objetos temos dificuldade em nos desfazer, o que dizer então de pessoas? Sim, porque pessoas também deixam de nos ser importantes.

Aquele namorado ou aquela namorada que deixamos de amar e a relação está tão desgastada que o seu término seria um alivio, o ex-colega de faculdade, aquele que vocês eram tão inseparáveis durante o curso mas após a formatura percebe-se que não há tantas coisas assim mais em comum e aí você nem lembra mais de telefonar para saber notícias, aquela amiga ou aquele amigo tão especial mas que com o tempo foram surgindo as desavenças, a falta de atenção, as mágoas, e ai vocês vão se afastando que quando percebem a amizade já não é mais tão importante assim para você.

Durante nossas vidas quantas pessoas já perderam a importância para nós? Nem vivi tanto assim, mas acho que muita gente desapareceu para mim, muitas foram jogadas direto no lixo sem passar pela gaveta, outras não, ainda deixei guardadas um tempinho.

Não quero parecer dura, nem que estou comparando pessoas a coisas as quais usei e depois não tiveram mais utilidades para mim, ou que a qualquer momento posso descartar qualquer um. Não é descarte. Somos mutáveis, mudamos nossos gostos, nossa maneira de pensar e de agir, e nesse processo de mudança muitos não nos acompanham.

Geralmente o processo de “desvalorização” de alguém é doloroso, repleto de mágoas, decepções e tristezas, mas a hora da consciência, não. Aquele momento em que percebemos que não sentimos mais a falta daquele alguém, que tanto faz a sua companhia ou a sua amizade, é tranqüilo, sereno, é um alívio.

Depois todas se tornam lembranças de momentos importantes para mim. Fizeram parte do meu amadurecimento, foram importantíssimas naquele momento, naquele tempo, naquele meu outro “eu”. Hoje não fazem mais falta.

No momento acabo de encher minha gaveta de coisas sem importâncias, mas vou demorar um tempo ainda para fazer aquela faxina, o lixo vai esperar um pouco mais.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Encontro


Ontem mais uma vez encontrei a mim mesma ao assistir novamente Antes do pôr do sol. Perdi as contas de quantas vezes já o assisti, mas a sensação é como se o estivesse sempre assistindo pela primeira vez.
O filme é a história de um casal que se reencontra depois de ter passado uma noite juntos há nove anos. É um diálogo interminável no qual os personagens fazem um balanço de suas vidas, de suas relações e da frustração que sentem ao imaginar como seriam suas vidas se tivessem ficado juntos.
Ele assume a tristeza por viver em um casamento sem amor, sem paixão e que a única razão que o faz continuar é o seu filho de 4 anos. Ela desabafa o seu desânimo no amor, nas suas relações e o medo em se comprometer.
O filme é tão intenso para mim, uma explosão de sentimentos, que é impossível não me encontrar em alguma dessas situações. É sempre um encontro com aquilo que está mais escondido em mim, é como se o filme liberasse uma carga de sentimentos que tento abafar. Minhas inseguranças, carências, frustrações, amores, lembranças.
Lembro-me do encanto que senti por alguém que nunca mais verei, lembro-me das inúmeras tentativas que fiz, das pessoas com as quais me envolvi e das marcas que deixaram e que ainda permanecem em mim.
Encontrei-me em meio a lágrimas, a tristeza, ao desespero, ao romance, a sorrisos e a fé.

terça-feira, 15 de maio de 2007

“O poema sujo
se constrói na dor e no gozo
na morte íntima
do amor”.
(Marcelo Pereira)


Volta!
Quero te aqui, junto a mim.
Quero ver teu sorriso,
sentir tua pele,
teu cheiro.

Loucura!
Eu sei. Mas chega de razão,
quero me perder nos meus delírios!
Me procura, me olha.
Só o que eu quero é o teu olhar.

Não agüento mais a presença desse vazio.
Sigo adiante, caminho,
não quero esse caminho.
Desejo a angústia que me acalma por estar contigo!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Baixio das Bestas


Sem palavras. Essa é a melhor descrição da minha reação e dos demais que estavam na sessão do filme Baixio das Bestas. O filme é uma crítica social sobre a vida cruel dos cortadores de cana-de-açúcar no nordeste pernambucano e levanta problemáticas de gênero como a prostituição, o estupro e o patriarcalismo, além de mostrar também a cultura popular da “brincadeira” do maracatu rural.
As sensações que tive durante o filme foram as mesmas que senti ao ler Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago: choque, revolta, incompreensão, nojo. Na verdade é assim que ficamos todos quando nos deparamos com as expressões da natureza humana, quando percebemos o homem agindo com seus instintos, privado de limitações éticas ou morais para a satisfação de suas necessidades primárias como o sexo e a fome, comuns a qualquer outro animal.
Vivemos em um sistema de organização social em que nossos comportamentos são tolhidos pelos valores culturais e morais, e em que os avanços científicos alcançados pelo homem provocam um afastamento do homem natural, daí ao depararmos com cenas de barbárie, ficamos extremamente chocados, sem palavras.
Diferentemente do livro de Saramago, Baixio das Bestas não mostra apenas o resgate da natureza humana para refletirmos sobre nossos valores, ele dramatiza situações em que a brutalidade humana é provocada pela desigualdade e injustiça social, pela falta de acesso a educação, pela conservação de valores retrógrados como o patriarcalismo e o abuso do poder masculino. Não é apenas choque o que senti, mas indignação, pois se sabe que essas cenas de barbárie são cotidianas na vida de milhares de pessoas excluídas e oprimidas.
Infelizmente, não encontramos essa circunstancia apenas em obras de arte ou no nordeste brasileiro, a selvageria humana está mais presente na nossa vida e não a percebemos. O tráfico de drogas, a banalização da vida humana, crianças que crescem rodeadas por violência e têm como única esperança ou plano de vida o ingresso no tráfico, não temos mais a liberdade de ir e vir, pois saímos de casa amedrontados, inseguros, estamos presos na nossa paz dos condomínios fechados, nos nossos carros com ar-condicionado. Todos os dias lemos noticias de vítimas de balas perdidas, de assaltos, de pessoas que morreram em filas de hospitais por falta de atendimento médico, de exploração do trabalho infantil, de mendigos queimados, e de tantas outras notícias da vida urbana.
Um animal irracional caça e mata animais de outras espécies para sua sobrevivência. O animal racional homem mata o próprio homem.
Baixio das Bestas é um belíssimo filme.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Espécie em extinção

Uma vez disse que não acreditava mais nas músicas de Vander Lee (nada contra o cantor). Que bobagem!!!! Claro que acredito! Estou viva por isso. Disse isso em um momento de desânimo quanto a relacionamentos. Como ele mesmo diz em uma de suas músicas, "romântico é uma espécie em extinção". É assim que estou. Sinto que minha espécie está se extinguindo, e o pior é que não vejo nenhuma política de proteção aos românticos e de combate aos exterminadores do romantismo. Quem são os vilões? O individualismo, o egoísmo, a era do descartável.
Na época em que vivemos se eleva o individualismo, a auto-suficiência, defende-se a idéia de que cada um faça por si, cada um que corra atrás das suas conquistas. Até pode ser, desde que seja na medida certa. Acredito que devemos ter nossos objetivos e lutar por eles, é isso que nos movimenta, a busca pelos nossos sonhos nos faz querer viver.
Mas o que me questiono é: que realizações são essas? Sempre que pensamos em alguém realizado, imaginamos logo que ele deve ser bem sucedido na sua profissão, no seu trabalho. Realização pessoal virou sinônimo de realização profissional. Vivemos em uma sociedade na qual nos auto-afirmamos através do que possuímos e não do que somos, nossas buscas são coisas. Queremos um carro novo, uma casa nova, as melhores roupas, trocar de celular, coisas e mais coisas. Chico César que estar certo ao dizer que “coisas são só coisas, servem só pra tropeçar”.
Nessa busca desenfreada por coisas, estamos coisificando até pessoas, e pior em coisas descartáveis.
As relações são efêmeras, descartáveis. Não há mais o envolvimento, pra que o trabalho de conhecer o outro? Pra que conviver com os defeitos do outro? Ceder? Jamais. Ninguém quer ceder. Ninguém quer se comprometer. Instituiu-se o ficar, o sexo casual, o rolo. Relações duradouras? Fora de moda.
Ao falar em comprometimento e compartilhar sua vida, parece que está se falando em um absurdo.
- Namoro? Pra quê? A gente “fica” que é melhor. Saimos para jantar, boa conversa, boa transa e depois cada um para o seu mundinho particular.

E onde está a essência dessas relações? Não existe.

Não tem a sensação confortável da proteção do abraço de quem a gente ama, o olhar é opaco, sem brilho, não há tremor nas mãos nem frio na barriga, não há a satisfação em fazer o outro rir, não se conhece o outro, não há para quem ligar para contar o que lhe aconteceu durante o dia, não há o companheirismo, não há carinho, não há cuidado, não há saudade. Há o nada após o prazer momentâneo.

Claro que romantismo está em desuso, afinal não é fácil ser romântico. É mais fácil racionalizar as emoções do que se entregar a elas.
Não é fácil ceder, não é fácil se doar nem respeitar o outro. Não é fácil inserir alguém nos nossos planos, não é fácil pensar no outro, não é fácil se recuperar de uma desilusão e ainda assim acreditar em uma próxima relação. Não é fácil encontrar a beleza em meio a tanta violência, não é fácil sonhar.

Preservem esses bobos que sofrem a toa!
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

O famoso trecho de Saint Exupéry no pequeno príncipe é super brega, batido, todo mundo escreve nos cartões de aniversário (todo mundo sem criatividade), mas é uma verdade, talvez porque a vida seja brega mesmo, e está aí a aceitação de todos em qualquer idade pelo pequeno príncipe. Tem relação mais verdadeira que a amizade?
Ser amigo apenas por que gosta do outro, amizade sem interesse. Quem é amigo, aquele amigo sincero, companheiro, o é porque ama o outro, o respeita. Amigo é aquele que a gente pode contar para as horas mais difíceis, que está lá para nos apoiar, ouvir as nossas choradeiras, aconselhar nas nossas dores de cotovelo, compartilhar nossas alegrias, nossas conquistas. Amigo fiel mesmo é aquele que conhece nossos defeitos, que não apenas, não passa a mão por nossas cabeças como também nos traz para realidade mostrando que as coisas nem sempre são como queremos e diz quando erramos. Amizade aberta é aquela em que não há rodeios, em que não há frescura, há brigas também, desentendimentos, claro que há!!!! Mas ai daquele que falar mal de um amigo!
Triste são as relações que não restam amizade. O que acontece com os pais quando os filhos crescem e tornam-se independentes? Tornam-se amigos. Os pais ao educarem seus filhos, não estão apenas criando cidadãos de caráter mais também futuros amigos. Quando isso não ocorre encontramos aqueles lares vazios onde os diálogos são apenas sobre as trivialidades do dia-a-dia, há um vazio, uma barreira, os pais simplesmente estão a parte da vida de seus filhos.
O casal de namorados sempre tiveram uma relação ótima, afinidades, respeito, sempre gostaram de estar perto um do outro, riam sempre juntos, davam conselhos, mas aí a paixão acaba. Pronto! Afastam-se completamente, cada um vai para o seu lado, não querem mais nem saber da vida do outro, certo? Errado. Nem sempre pode ser assim. Claro que é preciso um tempo sim para curar as mágoas, para que a dor da separação passe, mas depois por que não ser amigos? Vocês foram companheiros um do outro, se amaram, se respeitaram, é mais do que natural conservar o carinho e a amizade. Que delícia deve ser depois reconhecer no outro aquele amigo e construir um novo caminho.
Sou brega sim, romântica e quero continuar a cativar pessoas. Sou feliz pois tenho bons amigos que me ajudam a construir minha essência, através de indicações de livros, música, troca de idéias, bons papos, troca de experiências, de alegrias, de tristezas, bons e maus conselhos, e mais tudo que faz parte da amizade.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Acabou.

Fim de relacionamento. Tem coisa mais clichê que essa? Acredito que não. Tema presente em milhares de músicas, livros, poemas, peças teatrais, pinturas, movimenta a criatividade dos artistas, lota os consultórios dos terapeutas e enche os ouvidos de todos os amigos solidários. Esse deve ser com certeza o assunto mais falado da vida humana, ultrapassa a crise ambiental, social, política e religião. Mas isso é óbvio.Todos nós nos apaixonamos, nos envolvemos, nos doamos, e aí tropeçamos nas mágoas, nos desgates, nas briguinhas e chegamos lá: o rompimento.
E agora? Aí vem aquela dor funda lá no peito, o choro, a tristeza, depressão, sua auto-estima fica lá escondida, a dor da rejeição, da separação, a saudade...
Como é difícil se separar, mas pior que a separação é continuar sofrendo no relacionamento. A separação você sofre tudo de uma vez e fica pronto para se renovar, mas enquanto você está no relacionamento em que há o desencontro do casal e a sintonia de sentimentos deixou de existir, sofre uma dor contínua. Fica um magoando o outro. Para aquele que a paixão acabou, o relacionamento torna-se um fardo. Por mais atenção, carinho e amizade que dê, eles nunca serão suficientes para satisfazer o outro, que espera o que não pode ser dado: amor.
É preciso coragem para tomar a decisão e ir em frente. É preciso força para superar a dor do rompimento, as lembranças constantes dos bons momentos, as ilusões de que talvez aconteça uma reconciliaçao, as conversas imagináveis, a saudade. Mas lá na frente, quando o tempo levar a emoçao e a dor, compreende-se que foi o melhor para você.
Aí quando tudo passar, você começa tudo de novo, e se por acaso não dê certo, prepare-se! Você vai sofrer tudo de novo, tudo igualzinho.

Fluxo da Consciência

O rio seco, as águas não escorrem mais. Fico olhando e não entendo. Sinto-me só. A festa acabou, os convidados foram embora, tudo acaba. O tempo passa e folhas vão caindo. As flores murcharam. As ruas, vazias. A vida continua, as descobertas, as alegrias, os prazeres, a efemeridade desses momentos. Eu assisto a tudo. Eu e o meu destino, meu caminho. Atravesso os obstáculos, persisto. Eu, totalmente eu. Eu e eu. Lembranças que permanecem. Eu e essa dificuldade de fazer você me entender. Destino. Ignoro e sigo. Tudo é igual. Vagar pelas vitrines de sonhos vazios. Tento me expressar, mas não consigo. Tento mostrar o que posso, mas não consigo. Parei, voltei a andar, pulo muros. O momento é agora. Foco em mim. Não compreendem o que estou dizendo. Nós, perdidos, isolados no mundo dos nossos sonhos. Idealizei, não realizei. Estou cansada, mas não paro. Quero. Não tente me entender, não me interrogue. Deixe-me em paz. Deixe-me ser eu. Me ame, me conheça, me perceba. Saia desse seu altar, olhe além do seu espelho. Continuo, continuo, persisto. Estou para outra. Vou fugir de você, saia do meu caminho. A vida é assim, um círculo. Ando em círculos. Não me repito mais. Vou seguir em frente. Vou continuar meu destino. Cansei de tentar mostrar como sou. Não precisa mais me conhecer. Suas chances acabaram, vou embora. Vou andar. Pode ser que nos encontremos, pode ser que não. Serei outra. Irei amadurecer. Serei outro alguém