segunda-feira, 25 de junho de 2007

Arcoverde, Sertão, Pernambuco, Brasil.

Volto para casa depois de três dias em Arcoverde para a festa de São João com a certeza do engano para quem acha que a tradição de festa junina acabou e que o forró está desaparecendo.
É fácil achar que o velho e bom forró desaparece em meio a essa onda de não sei lá o quê elétrico, entre tantos aviões e gaviões que ninguém identifica diferença alguma e apenas pode-se chamar de “forró” porque é assim que essas bandas denominam o que tocam. Mas Arcoverde está aí para mostrar que nem tudo está perdido. Lá ainda podemos sentir aquela fumaça das fogueiras queimando nas ruas, ouvir o som da rabeca, arrastar o pé no autêntico pé de serra e entrar na roda do coco.
Nesse São João percebi que tradição e cultura existem, que nenhum nordestino pode fugir a suas raízes nem deixar de se emocionar.
Emoção explodida no show de Cordel do Fogo Encantado ao sentir a chuva caindo, e imaginar que a apenas alguns quilômetros dali, entre as muitas comunidades perdidas do sertão, o Ingá, São José de Caiçarinha e Conceição de Cima deviam estar em festa pela água da chuva. Chuva que traz a certeza de que se pode plantar o feijão de corda porque vai ter colheita. Chuva que enche as cisternas e os poços para os muitos não têm água encanada. Chuva que mata a sede dos que caminham 6 km para encher um tonel de água. Chuva para lavar a alma e soltar as lágrimas.
É a esperança do pequeno e sobrevivente agricultor sertanejo nordestino. É a festa da colheita. É a festa de São João.

Mari, que farra boa hein?
Zé, próximo ano estaremos lá.

Nenhum comentário: