terça-feira, 18 de novembro de 2008

A história de Maria dos Desencontros II


Seus olhos voltaram a brilhar e seu riso, sempre fácil, está presente até quando dorme. Um encontro casual, uma proposta de brincadeira, e quando estão juntos as horas se transformam em segundos. A fome foi embora. O almoço só é lembrado porque o relógio marca meio-dia e como uma atividade rotineira faz a refeição do arroz, bife e feijão. Completam frases, falam juntos e pensam a mesma coisa. Mal passam 24 horas e já quer vê-lo novamente. Chegou a ouvir Jorge Vercilo e, para sua surpresa, não foi nenhum sacrifício, foi a melhor música que ela ouvira, pois era a música que ele gostava. Ao seu lado compartilhou o silêncio. Era não apenas sinal de intimidade, mas também a confirmação do que sentia.
Entretanto não seria Maria se tudo ocorresse em harmonia. Mais uma vez ela se deparou com um desencontro. Na fase em que se decide viver relações verdadeiras, em que se sente pronta a compartilhar e a se doar, ela cai nessa boa trapaça: Ele não é livre.
Por mais intenso que ele estivesse com ela, não seria completo. Não podia mais estabelecer uma amizade apenas para estar ao seu lado, pois isso significaria abafar a ebulição de seus sentimentos e um sofrimento continuo, além de que não haveria verdade nessa relação, eles seriam desonestos não apenas um com o outro mas com eles mesmos.
Depois de revelar os medos e desejos, decidiu então se entregar a uma única noite. A mais perfeita de todas.
Na manhã seguinte, o olhou e disse adeus. Ela fechou a porta e não acreditava que mais uma vez desencontrara-se de seus sentimentos, mas sentiu-se satisfeita por ter tido ao menos a chance de viver todas essas emoções.
São de momentos como esse que ela tece sua vida.
São de seus desencontros que ela se faz, refaz e se transforma.

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