sábado, 25 de março de 2006

Esqueci de dizer o nome da minha amiga que pediu espaço aqui pra colocar seus desabafos, claro que só podia ser uma das pessoas mais dramáticas que conheço, Polly Veras. Eita mulher dramática.... Nunca vi. Mas tem um ótimo senso de humor, o que torna seus dramas mais agradáveis especialmente pra mim que já fui acordada várias madrugadas para ouvir as intermináveis "aventuras dos nossos ninguém merece". E lá se vão horas de celular, mil teorias sobre comportamento humano, possibilidades, analisamos cada frase, cada olhar, montamos estratégias, dedicamos mais tempo a esses"ninguém merece" ou "marcianos elásticos" do que o pequeno principe a sua rosa. Não posso deixar de mencionar que tudo serve como base para as nossas teorias, pode ser o capitalismo e esse mundo descartável, passando por uma poesia de Pessoa e indo até uma sinastria astral (claro! quando queremos apelar tudo pode virar culpa dos signos que não combinam).
Essa última semana ela dedicou a enterrar defunto, aí ela se inspirou e botou seu lado escritora pra fora, influencias de Sabino e Marta Medeiros resultaram no que tá no outro post e nesse daqui.

Enfim... Então....!!!!!!??????

(Por que mulher adora reticências, vibra com exclamações e vive na interrogação, mas odeia um ponto final - principalmente quando não é ela quem decide colocar).
Enfim, é assim que a ilusão termina: você percebe que ele não está interessado em você, que o fato dele não poder te ver nada tem a ver com a hora extra no trabalho e o cansaço de uma semana estressante, mas sim com a cervejinha com os amigos. Simplesmente não é você com quem ele quer estar, mas sim em qualquer bar da moda onde ele possa se embriagar, beijar qualquer boca e desaparecer, porque particularmente (nada contra você) ele não está "pronto" (na verdade ele não quer mesmo) se comprometer (com você).
Então, você liga para aquela grande e velha amiga, companheira dos desencontros e das "nóias" noturnas, faz um resumo detalhado do término de uma relação que nunca começou, embora fosse A RELAÇÃO. Claro! Vocês se conheceram num lugar inusitado, descobriram tantas coisas em comum, por exemplo, o gosto por verde, por aquele carro esporte e pelo Djavan (o que definitivamente o fazia ser um homem sensível). E pôxa, ele dava sempre aquele sorriso quando te via. Tantas vezes você o flagrou lançando olhares furtivos que mesmo ainda machucada com aquela relação complicada, da qual ainda não saíra completamente, você se permitiu sonhar...
Enfim, você descobre que o sonho está muito longe da realidade a qual você teima em não enxergar e que seria de extrema utilidade, qualquer dia desses, ler Ensaio Sobre a Cegueira do Saramago (embora descontextualizado no caso), de repente você tiraria algum aprendizado que a fizesse parar de projetar ilusões românticas hollywoodianas ou pior, mexicanas! (mas ele disse que queria conversar com você, simplesmente não poderia ser apenas um lance superficial, era algo maior que crescia entre vocês...).
Então, sua amiga pacientemente (depois de uma semana inteira de dicas e pensamentos positivos, puts que amiga!) descobre que o problema está não apenas em você ou nele, mas sim nesse mundo corrompido por uma mídia capitalista e canibalista, devoradora de relacionamentos que ovaciona e hospeda o vazio, porque a sociedade é uma mina de mentes e corações egoístas desesperados por um lago como o de Narciso, embora ninguém queira morrer afogado. O pobre coitado a quem você resolveu entregar o papel principal da sua comédia romântica está na verdade embriagado não com o álcool que ele consome exageradamente na esperança de chamar atenção para o cara legal que ele (não) é, mas com a facilidade oferecida pelo mundo (tem muita p*#$%¨#*& pôxa!).
Enfim, você se convence de que é a mulher ideal para q-u-a-l-q-u-e-r homem com o telencéfalo desenvolvido e que ele é uma pessoa desabitada. Você deveria mesmo era se penalizar com um ser tão superficialmente perfeito e que você não precisa de perfeição, mas alguém que consiga enxergar a mulher que você é. (não se esqueça você é muito, mas muito para alguém tão menos).
Então, depois de algumas noites em claro ao telefone com aquela amiga, de revisitar as lembranças por um tempo, você reconhece que ele não será o último por quem você irá se apaixonar e que ele nem merecia suas noites de sono (e a grana que você gastou com a conta do celular e aquela blusa que você jurava que ele não iria resistir ao vê-la no seu corpinho).
Enfim, decidida, você retoma sua vida, sai para dançar, renovada, certa de que com o próximo vai ser diferente. De repente você descobre que mudou a pessoa, mas que o friozinho na barriga é o mesmo, os sorrisos e olhares são iguais, o calor febril é aquele velho conhecido e o sentimento paralisante, ah, não pode ser o mesmo, mas na essência é: aquela vontade louca de se entregar, de amar e ser amada, de gritar pra aquele mundo fútil, que sim, ele existe, o amor, está ali na sua frente todo cabelos, braços e pêlos do jeitinho que você imaginou. Quando ele, aquele outro lá que fez você pagar alguns micos, como beijar um cara que você nunca viu na vida do nada só pra fazê-lo (o safado) sofrer, ah... Então... Enfim...!!!!?????

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