segunda-feira, 9 de julho de 2007

Diário de Campo

Nessa terça feira, 03/07, eu, Mari e Sr. Genival partimos para mais uma jornada pelo sertão. Essa viagem ia ser muito pesada, 5 dias em campo. Cidades previstas: Serra Talhada, Custódia e Ouricuri. Saímos de Recife pela manhã, tinhamos pela frente uns 400 km de estrada até a primeira parada: Serra Talhada.
Logo que entrei no carro, levei uns 20 minutos de conversa inicial com os dois, aquelas trivialidades sobre as açoes da viagem, o tempo e pronto. Caí no sono profundo. Só lembro me de, inutilmente, fazer um esforço imenso para abrir os oslhos em Caruaru, mas deixei pra lá. Segundo Mari, o carro tem efeito sonífero em mim. Mas é uma estratégia que faço desde criança quando viajava de carro para Belém com meus pais, dormindo o tempo passa mais rápido e não fico enjoada no caminho.

Almoçamos em São Caetano. A carne de sol estava uma delícia.
Voltamos a estrada, mais uns cochilos e chegamos a Arcoverde. Gosto de olhá-la pela estrada, pois dá pra ter uma visão completa da cidade, parece uma maquete ou uma cidade de brinquedo.

Chegamos em Serra Talhada no final da tarde. Fomos direto para as comunidades de São José de Caiçarinha e Conceição de Cima. Para chegar até lá é preciso enfrentar 15 km de uma estrada de barro cheia de buracos no meio da caatinga seca. Você chega na comunidade parecendo que levou uma surra.

A comunidade de Conceição de Cima lembra um cenário daquelas cidades de novela. As casas de barro com as faixadas bem pintadas em cores vibrantes, rosa choque, verde limão e lilás são as preferidas dos moradores. Elas ficam em meio círculo, no centro há um campo de futebol, ao lado uma igreja, do outro lado fica o grupo escolar.

Os moradores nos receberam com a simpatia de sempre. Puxaram logo umas cadeiras e mandaram a gente sentar. Sr. Genival, que não perde uma conversa, foi logo sentando.
Marta perguntou a ele como estava o pé torcido na última vez que esteve na comunidade. Ele disse que estava melhor, mas ainda um pouco inchado.
- A quantidade de anos que você tem é a mesma de dias que ele vai levar pra ficar bom - explicou Antonio, marido de Marta.
Não entendemos essa teoria, mas Sr. Genival ficou preocupado, se Antonio estiver certo, no total vai levar mais de cinquenta dias para o pé parar de doer e desinchar.
Mas para a sua tranquilidade Sônia deu logo a receita:
- Passa ovo que sara logo.
- Ovo? Cozinha o ovo? - Perguntou Sr. Genival curioso.
- Não, passa ele cru mesmo. Uma vez dei um mal jeito na mão e fui a uma rezadeira. Ela mandou eu passar gasolina, mas nem adiantou. Passei a noite toda sem dormir de dor, aí fui a cozinha passei ovo e amanheci boazinha.

Depois dessa descoberta médica/curandeira de Sônia, deixamos a comunidade.
Finalmente matei a curiosidade de ver um guiné. Sempre fui curiosa pra saber como era o tal bicho que fala: Tô fraco! Tô Fraco!

Duas coisas me impressionam no sertão: o silêncio e o pôr do sol. São absolutamente incríveis.
Assim acabou nosso primeiro dia.

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