sexta-feira, 20 de julho de 2007

New roommate

>Estou aprendendo a conviver com a solidão. Lembro que o ano passado já havia começado esse processo, depois abandonei a idéia e tratei de afastá-la. Mas a danada arrumou um jeito de aparecer de surpresa, e bateu a minha porta. Então resolvi permitir sua entrada, porém fui tentar conhecê-la e procurei seus antecedentes. Alguns dizem que a solidão é algo ruim, as canções baratas referem-se a ela como uma peste. Já Clarice Lispector dizia que a sua força estava na solidão e que ela lhe bastava.Para os filósofos existencialistas é a condição de todo ser humano. O homem nasce só, vive só e morre só. Cada um tem dentro de si tudo o que precisa para ser feliz e se realizar. O homem por si só já é completo, o outro só vem a trocar.Pois bem, depois de identificá-la percebi que o início de convivência seria bem difícil.Ela incomoda bastante e requer uma série de exigências. É preciso diminuir o ritmo de atividades, acalmar um pouco a rotina. Silêncio, muito silêncio para prestar atenção em alguns barulhos que só você pode ouvir. Ela é muito curiosa e sempre lhe faz perguntas e questionamentos que você nem sempre tem a resposta, ou nunca antes tinha parado para pensar a respeito. É ciumenta também e quer toda a minha atenção, não aceita compartilhar com meus outros amigos. Tem umas companhias que não são muito agradáveis, às vezes aparecem a tristeza e a angústia, mas acredito que depois elas demorem a voltar, não são muito bem vindas. Ah, mas ela é bem íntima da arte, principalmente da literatura. No final de tudo tenho a certeza que seremos grandes roommates. É só questão de adaptação, já dei o primeiro passo: a aceitei.

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