terça-feira, 8 de maio de 2007

Espécie em extinção

Uma vez disse que não acreditava mais nas músicas de Vander Lee (nada contra o cantor). Que bobagem!!!! Claro que acredito! Estou viva por isso. Disse isso em um momento de desânimo quanto a relacionamentos. Como ele mesmo diz em uma de suas músicas, "romântico é uma espécie em extinção". É assim que estou. Sinto que minha espécie está se extinguindo, e o pior é que não vejo nenhuma política de proteção aos românticos e de combate aos exterminadores do romantismo. Quem são os vilões? O individualismo, o egoísmo, a era do descartável.
Na época em que vivemos se eleva o individualismo, a auto-suficiência, defende-se a idéia de que cada um faça por si, cada um que corra atrás das suas conquistas. Até pode ser, desde que seja na medida certa. Acredito que devemos ter nossos objetivos e lutar por eles, é isso que nos movimenta, a busca pelos nossos sonhos nos faz querer viver.
Mas o que me questiono é: que realizações são essas? Sempre que pensamos em alguém realizado, imaginamos logo que ele deve ser bem sucedido na sua profissão, no seu trabalho. Realização pessoal virou sinônimo de realização profissional. Vivemos em uma sociedade na qual nos auto-afirmamos através do que possuímos e não do que somos, nossas buscas são coisas. Queremos um carro novo, uma casa nova, as melhores roupas, trocar de celular, coisas e mais coisas. Chico César que estar certo ao dizer que “coisas são só coisas, servem só pra tropeçar”.
Nessa busca desenfreada por coisas, estamos coisificando até pessoas, e pior em coisas descartáveis.
As relações são efêmeras, descartáveis. Não há mais o envolvimento, pra que o trabalho de conhecer o outro? Pra que conviver com os defeitos do outro? Ceder? Jamais. Ninguém quer ceder. Ninguém quer se comprometer. Instituiu-se o ficar, o sexo casual, o rolo. Relações duradouras? Fora de moda.
Ao falar em comprometimento e compartilhar sua vida, parece que está se falando em um absurdo.
- Namoro? Pra quê? A gente “fica” que é melhor. Saimos para jantar, boa conversa, boa transa e depois cada um para o seu mundinho particular.

E onde está a essência dessas relações? Não existe.

Não tem a sensação confortável da proteção do abraço de quem a gente ama, o olhar é opaco, sem brilho, não há tremor nas mãos nem frio na barriga, não há a satisfação em fazer o outro rir, não se conhece o outro, não há para quem ligar para contar o que lhe aconteceu durante o dia, não há o companheirismo, não há carinho, não há cuidado, não há saudade. Há o nada após o prazer momentâneo.

Claro que romantismo está em desuso, afinal não é fácil ser romântico. É mais fácil racionalizar as emoções do que se entregar a elas.
Não é fácil ceder, não é fácil se doar nem respeitar o outro. Não é fácil inserir alguém nos nossos planos, não é fácil pensar no outro, não é fácil se recuperar de uma desilusão e ainda assim acreditar em uma próxima relação. Não é fácil encontrar a beleza em meio a tanta violência, não é fácil sonhar.

Preservem esses bobos que sofrem a toa!

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