quarta-feira, 23 de maio de 2007

Perdeu a importância

Sabe quando temos alguma coisa que perdeu sua importância e aí não sabemos o que fazer com ela? Aquele objeto antes tão estimado e agora representa apenas um entulho. Nessa situação surge aquela dúvida: o mantemos guardado ou o jogamos logo no lixo?

Por isso que tenho uma gaveta exclusiva para esses objetos que perderam a importância, mas que insisto em guardar por um tempo porque talvez um dia ele volte a ser de grande importância para mim. Então vou jogando as coisas nela, e aí a pobre da gaveta vai ficando uma bagunça danada até que chegue o esperado dia da faxina. Nesse dia, faço a limpeza geral. Tiro todos os papéis ali amassados e todos os cacarecos guardados passam por uma rigorosa seleção até alguns seguirem seu novo destino: o lixo. (Os papéis vão para a reciclagem, aproveito para fazer minha colaboração com o meio ambiente). Outros ainda vão permanecer guardados na gaveta por mais um tempo.

Se com objetos temos dificuldade em nos desfazer, o que dizer então de pessoas? Sim, porque pessoas também deixam de nos ser importantes.

Aquele namorado ou aquela namorada que deixamos de amar e a relação está tão desgastada que o seu término seria um alivio, o ex-colega de faculdade, aquele que vocês eram tão inseparáveis durante o curso mas após a formatura percebe-se que não há tantas coisas assim mais em comum e aí você nem lembra mais de telefonar para saber notícias, aquela amiga ou aquele amigo tão especial mas que com o tempo foram surgindo as desavenças, a falta de atenção, as mágoas, e ai vocês vão se afastando que quando percebem a amizade já não é mais tão importante assim para você.

Durante nossas vidas quantas pessoas já perderam a importância para nós? Nem vivi tanto assim, mas acho que muita gente desapareceu para mim, muitas foram jogadas direto no lixo sem passar pela gaveta, outras não, ainda deixei guardadas um tempinho.

Não quero parecer dura, nem que estou comparando pessoas a coisas as quais usei e depois não tiveram mais utilidades para mim, ou que a qualquer momento posso descartar qualquer um. Não é descarte. Somos mutáveis, mudamos nossos gostos, nossa maneira de pensar e de agir, e nesse processo de mudança muitos não nos acompanham.

Geralmente o processo de “desvalorização” de alguém é doloroso, repleto de mágoas, decepções e tristezas, mas a hora da consciência, não. Aquele momento em que percebemos que não sentimos mais a falta daquele alguém, que tanto faz a sua companhia ou a sua amizade, é tranqüilo, sereno, é um alívio.

Depois todas se tornam lembranças de momentos importantes para mim. Fizeram parte do meu amadurecimento, foram importantíssimas naquele momento, naquele tempo, naquele meu outro “eu”. Hoje não fazem mais falta.

No momento acabo de encher minha gaveta de coisas sem importâncias, mas vou demorar um tempo ainda para fazer aquela faxina, o lixo vai esperar um pouco mais.

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